domingo, 9 de junho de 2024

Bernardo Mello Franco - Oito meses de barbárie

O Globo

Após novo ataque a escola da ONU, Israel entrará na lista de países e grupos que cometem crimes contra a infância. Ficará ao lado dos terroristas do Talibã e do Hamas

A guerra de Israel em Gaza acaba de completar oito meses. Na quinta-feira, a ofensiva produziu novas cenas de barbárie. Um bombardeio a uma escola das Nações Unidas matou ao menos 40 palestinos, incluindo 14 crianças e nove mulheres.

Em comunicado, as Forças Armadas israelenses descreveram a ação em Nuseirat como um “ataque preciso”. O episódio resume o desprezo do governo de Benjamin Netanyahu pelo direito internacional humanitário e pelas vidas de civis.

A ofensiva de Israel foi iniciada como resposta aos ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023. Com o tempo, o que se vendeu como um revide legítimo virou um massacre sem data para terminar.

A pretexto de combater o extremismo, os israelenses reduziram cidades inteiras a escombros, além de restringir a entrada de água, comida e remédios no enclave. Hoje nove em cada dez crianças em Gaza estão desnutridas e enfrentam ameaça severa à sobrevivência, afirma relatório do Unicef.

O bombardeio de quinta chocou a comunidade internacional, mas não foi inédito. Desde o início do conflito, Israel já atacou 180 prédios da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos. As ações mataram mais de 450 civis que buscavam abrigo.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o novo ataque e lembrou que as instalações da entidade são invioláveis até em zonas de guerra. A advertência foi ignorada por Tel Aviv, como virou praxe nos últimos meses.

Sem poderes para forçar um cessar-fogo, a ONU se vê limitada a fazer apelos e protestar contra a barbárie em curso. Na sexta, incluiu Israel na lista de países e organizações que cometem crimes contra a infância. Em 2023, a relação incluiu grupos extremistas como o Talibã e o Estado Islâmico. Agora também ganhará os reforços do Hamas e da Jihad Islâmica.

Em vez de se distanciar das más companhias, o governo Netanyahu atirou no mensageiro. Atacou os responsáveis pela divulgação anual da lista.

Ministros em greve

O embate com o bilionário Elon Musk fez ministros do Supremo Tribunal Federal reduzirem as postagens ou simplesmente deixarem de usar o X, o antigo Twitter.

Atacado pelo dono da plataforma, Alexandre de Moraes vai completar cinco meses sem tuitar. Sua última publicação foi em 11 de janeiro, quando parabenizou o ex-colega Ricardo Lewandowski pela nomeação como ministro da Justiça.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, também aderiu à greve velada. Trocou a plataforma de Musk pelo Instagram, onde mantém presença assídua em fotos e vídeos.

O ministro suspendeu o hábito de tuitar dicas semanais de livros, filmes e músicas. No governo passado, ele chegou a usar essas listas para rebater críticas de Jair Bolsonaro.

Em solenidade na segunda-feira, uma seguidora abordou Barroso e quis saber por que ele se afastou do X. “Parei de tuitar quando eles resolveram brigar com a gente”, disse o ministro. “Mas estou pensando em voltar”, avisou.


3 comentários:

Daniel disse...

Israel transformou-se num Estado TERRORISTA, pior que o Hamas. Um país comandado por um governo GENOCIDA, que comete crimes de guerra em série, com diplomatas MENTIROSOS e criminosos, onde seus militares são mais assassinos que milicianos. Lembro de um comentarista deste blog que chegou a PARABENIZAR o país, seu governo e seus militares pelas ações "de defesa" que estavam realizando ao assassinar centenas de civis palestinos diariamente, a grande maioria CRIANÇAS e MULHERES completamente INOCENTES... O sujeito repetia a MENTIROSA propaganda israelense de uma suposta eficiência de seus militares/milicianos em combates urbanos.

ADEMAR AMANCIO disse...

Israel é a grande vergonha do momento.

Anônimo disse...

Vergonha não é o sentimento presente nos governos da região circunvizinha, mas sim o MEDO, o único capaz de contê-los. Admiração e respeito não são valores da cultura local