Como já dito, não se trata de questão nova e nem ideológica. Gestões do PT, na Bahia e no Governo Federal, introduziram, inclusive, experiências de parcerias com o setor empresarial. Aqui tratamos apenas de entidades sem fins lucrativos. A prefeita Marília Campos, que tem uma visão moderna de gestão, criou um Serviço Social Autônomo que faz a gestão do Complexo Hospitalar e das UPAs.
Vez ou outra, a discussão é
contaminada ideologicamente com a difusão de um equívoco que identifica
privatização na adoção de gestões flexíveis. Outras vezes, o preconceito vem
por conta de alguns casos de corrupção e desvios envolvendo Organizações
Sociais. É preciso ter cuidado para “não jogar a criança junto com a água suja
do banho”. Não é a ferramenta institucional que patrocina corrupção. O
importante é a transparência e a boa regulação.
O Instituto de Saúde e Gestão Hospital
do Ceará introduziu experiência que nos chamou atenção nos idos de 2004. Apesar
de o hospital que gerenciava ser 100% SUS e, portanto, o atendimento, gratuito,
o cidadão ao receber alta levava junto uma “conta” para saber quanto tinha
custado seu tratamento para o governo. Isto elevava a consciência comunitária e
refinava o sistema de controle de custos do hospital. Hoje administra 6
hospitais e 6 UPAs.
A Maternidade Therezinha de Jesus,
fundada em 1927, em Juiz de Fora, estava fechada pela vigilância sanitária. Numa
parceria entre o Governo de Minas e a Faculdade SUPREMA, que desejava ter um
hospital escola padrão A e adotou a OS “HMTJ”, foi reaberta e hoje tem
atendimento 100% SUS contando com 311 leitos ativos, sendo 60 de UTI, oito
salas cirúrgicas, 42 consultórios, avançando nos atendimentos de alta
complexidade e urgência e emergência. Os resultados, quantitativos e qualitativos,
foram positivos graças à liberdade e a agilidade que o gestor tem na gestão das
pessoas, escalas, salários, compras, suprimento, organização. O sucesso da HMTJ
como OS a levou a ser convidada para gerenciar hospitais e UPAs no Rio de
Janeiro. Um exemplo de aumento de produtividade da gestão flexível: no Hospital
da Mulher, em São João do Meriti, produziu 30% mais de atividades hospitalares,
1% mais de atividades ambulatoriais, a um custo 5% menor, economizando 26,5
milhões de reais. No Hospital Albert Schweitzer, na capital fluminense, a
produção cresceu 4% e os custos caíram 28%.
Como
estes, existem centenas de exemplos de eficiência espalhados pelo Brasil
envolvendo filantrópicos, organizações sociais, serviços sociais autônomos e
fundações de apoio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário