Folha de S. Paulo
Candidato
do PRTB está mais próximo do millennial Nayb Bukele e também de Milei na visão
empresarial e no individualismo selvagem
A notícia da
viagem ao exterior de Pablo Marçal,
candidato a prefeito de São Paulo, é mais uma demonstração de que o
autodenominado ex-coach não veio para brincadeiras. A ideia de buscar respaldo
de marketing em encontros com líderes internacionais no campo do
ultraliberalismo ou do populismo de extrema direita não é em si nenhuma
novidade. Chama, contudo, a atenção o fato de o planejamento da turnê começar
pelo presidente de El Salvador,
Nayb Bukele.
Os paralelos entre os dois personagens, em que pese a diferença de estágio em que se encontram em suas carreiras, são reveladores. Embora Marçal possa ser inscrito no mesmo contexto político-ideológico de nomes como Donald Trump, Javier Milei, Bolsonaro e Orbán, há características e nuances que diferenciam essas figuras entre si.
Como
bem observou a jornalista Ana Luiza Albuquerque, em análise
sobre o assunto, Bukele, dessa turma, é o que mais se aproxima do
ex-coach, a começar pelo aspecto geracional.
Embora
seis anos mais velho, o salvadorenho pode ser considerado um representante da
geração millennial, os nascidos entre 1980 e meados da década de 1990, que
conheceram um mundo já envolto na esfera digital.
Bukele
começou como prefeito de Nuevo Custaclán, em 2012, numa época em que ainda se
via simpático a visões de esquerda. Doou seu salário para causas públicas,
evitou demissões e promoveu programas de desenvolvimento. Posteriormente chegou
à Prefeitura de San Salvador, como um candidato antissistema, e dali saltou
para a Presidência em 2019, com seu próprio partido, deixando de lado o esquema
tradicional.
Uma
de suas marcas como presidente foi a redução dos índices de violência com a
prisão em massa de pessoas ligadas a facções e ao crime organizado —o que pode,
nesse encontro, ajudar o candidato acusado de
ligações com o PCC.
Como
Bukele, Marçal, além do característico boné, acredita na mudança da esfera
pública por meio de ações inspiradas no êxito empresarial e da vida privada.
Essa rejeição ao velho sistema, embora comum em lideranças do populismo de
direita, tem aspectos que, no caso brasileiro, separam Marçal do bolsonarismo.
O
ex-coach, por exemplo, em sua rejeição à política tradicional, não é um
saudosista da ditadura militar, como o ex-presidente, que para ele é um tiozão
em declínio. Marçal está mais próximo do argentino Javier Milei, na visão
empresarial, no individualismo selvagem, na inclinação anarcocapitalista.
Não por acaso levanta também reações de pastores evangélicos, como Silas
Malafaia. Para Marçal, o indivíduo parece ser o caminho para tudo, dispensando
estruturas de mediação como igrejas e sacerdotes.
A
perspectiva do ex-coach também remete às discussões pós-modernas sobre um
futuro pós-liberal, como aparece nas teses de Patrick Deneen, o guru de JD Vance,
o vice de Trump. Curiosamente, Deneen propõe o que se poderia ver como um um
embaralhamento de ideias e ingredientes de esquerda e de direita. O
protecionismo econômico de Trump, por exemplo, é visto por liberais como um
traço intervencionista de políticas econômicas de esquerda. Não seria uma
característica na verdade do fascismo?
Nesse
cenário movediço, de derretimento de convicções e paradigmas e com Marçal se
mantendo nas cabeças no Datafolha, a eleição paulistana pode virar
roleta-russa.
Um comentário:
Sim pode ser uma roleta russa pra quem votar no Guilherme bolos Candidato comunista de extrema esquerda que tem como tradição estimular o povo pobre e ingênuo a invadir propriedade alheia
Sua campanha está em queda livre não vai nem pro segundo turno
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