sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Mantega aceita convite de Dilma e fica na Fazenda

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Conforme a Folha antecipou, presidente eleita atendeu a Lula e manteve ministro no cargo; petista tenta definir chefia do BC

O ministro Guido Mantega aceitou continuar à frente do Ministério da Fazenda depois de ser convidado pela presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), conforme a Folha antecipou. O convite para a permanência foi feito ontem de manhã, em reunião na Granja do Torto que durou duas horas e meia.

A decisão de deixar Mantega no comando da economia tem influência direta do presidente Lula, que pediu sua permanência antes mesmo do primeiro turno e reforçou a recomendação na terça. O ministro vai ter de encontrar formas de amenizar o impacto da forte entrada de dólares no país.

Nos próximos dias, Dilma priorizara a busca de presidente para o Banco Central. A eleita quer fechar a equipe econômica e evitar especulações do mercado; até definir a chefia do BC, não fará anúncio oficial.

Mantega aceita convite de Dilma e ficará na Fazenda

Acerto foi feito ontem pela manhã durante reunião na Granja do Torto

Anúncio oficial do time econômico será feito de uma só vez e depende de presidente eleita achar nome para comandar BC


Natuza Nery e Sheila D’Amorim

BRASÍLIA - O ministro Guido Mantega aceitou continuar à frente do Ministério da Fazenda depois de ser convidado pela presidente eleita, Dilma Rousseff, como a Folha revelou ontem, com exclusividade. O convite foi feito ontem, após reunião que durou duas horas e meia.

A decisão de deixar Mantega no comando da economia do país tem influência direta do presidente Lula, que pediu pela permanência do auxiliar antes mesmo do primeiro turno e reforçou a recomendação na terça-feira.

Nos próximos dias, a petista concentrará energia na busca de um presidente para o Banco Central (a manutenção de Mantega no gabinete reforça as chances de Luciano Coutinho seguir no BNDES).

Quer resolver o time econômico e evitar especulações do mercado financeiro, que é sensível a esse tipo de indefinição. Até encontrar um nome, não fará anúncio oficial.

Um dos desafios imediatos de Mantega é encontrar formas para amenizar o impacto da forte entrada de dólares no país e uma consequente valorização do real -lógica nociva à competitividade das exportações brasileiras.

Com a Fazenda resolvida, o BC é o único nó da equipe econômica do novo governo.

Segundo a Folha apurou, Dilma ainda não encontrou um nome ideal para o comando posto. Uma possibilidade é optar por uma solução caseira: manter Henrique Meirelles no cargo ou promover Alexandre Tombini (diretor de Normas do BC), encaixando Meirelles em outro ministério, como ele deseja.

Dilma também analisa nomes do setor privado. Dois já circularam na equipe de transição: Octavio de Barros, diretor do Bradesco, e Fábio Barbosa, presidente da Febraban e do Santander.

Lula sugeriu em ao menos duas oportunidades a permanência de Meirelles, mas Dilma é resistente à ideia. Ela tem dito a interlocutores que quer trocar a chefia da autoridade monetária.

O certo é que formalizará o time econômico de uma só vez, incluindo o titular do Ministério do Planejamento. Há hoje dois fortes cotados: Nelson Barbosa (secretário de Política Econômica da Fazenda) e Miriam Belchior (da Casa Civil). A pasta deve receber a gestão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Mantega iniciará em janeiro seu novo ciclo na Fazenda tendo de mexer em algumas áreas. Na hipótese provável de perder Barbosa, tido como um dos principais formuladores da pasta, terá de achar substituto à altura.

Precisará ainda ocupar a Secretaria do Tesouro, hoje sem um sucessor natural, e a Receita Federal, cujo titular, Otacílio Cartaxo, está desgastado com os vazamentos de dados sigilosos de pessoas ligadas ao PSDB na eleição.

Se a dobradinha Mantega-Meirelles continuar, Dilma terá cedido a Lula e manterá a rivalidade que dominou o segundo mandato. A diferença é que, já no início do governo, a área econômica se confrontará com desafios importantes, como conciliar o crescimento com um ajuste nas contas públicas.

Em homenagem no Rio, a economista Maria da Conceição Tavares elogiou ontem a permanência de Mantega no cargo. Destacou, porém, que no governo de Dilma haverá mais ingerência sobre a política econômica.

"Não importa quem será o ministro da Fazenda. Ela [Dilma] pode operar por cima e propor as medidas cabíveis", afirmou.

Colaborou Márcio Falcão, de Brasília

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