sexta-feira, 19 de novembro de 2010

PSDB articula frente contra volta da CPMF

DEU EM O GLOBO

Presidente do partido diz que será preciso fazer uma "verdadeira oposição" e que polêmicas internas serão alvo de prévias

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Na primeira reunião da Executiva Nacional do partido após a disputa presidencial, o PSDB reafirmou ontem o propósito de usar sua força nos estados para consolidar uma agenda de oposição. A ideia é reunir na próxima semana os oito governadores tucanos, possivelmente em Alagoas, para discutir essa agenda e tentar fechar uma posição sobre a recriação da CPMF.

O grupo definiu também o calendário de reestruturação dos diretórios do partido, rumo às eleições de 2012, e sinalizou que, a partir de agora, decisões polêmicas serão resolvidas por meio de prévias. A Executiva decidiu ainda não dar trégua ao futuro governo Dilma Rousseff no Congresso, apesar de suas bancadas reduzidas na Câmara e no Senado.

- Vamos fazer uma verdadeira oposição. O eleitorado que votou conosco fez duras críticas ao governo e até ao presidente Lula. E essa gente exigirá de nós firmeza e transparência. Até por ter perdido vagas no Congresso, a oposição terá de ser mais combativa do que foi até agora - disse o senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB.

O governador reeleito de Alagoas, Teotonio Vilela, disse que mais verbas para a saúde seriam muito bem-vindas no seu estado, mas admitiu que seguirá a posição da maioria no PSDB:

- A CPMF será um dos assuntos de que vamos tratar. Quero ouvir melhor o partido e meus colegas governadores, para não ficar cada um para um lado. Que a saúde de Alagoas ganharia com a volta da CPMF, ganharia. Mas minha posição vai estar em sintonia com a dos demais governadores - disse Teotonio.

O governador alagoano admitiu a dificuldade que o PSDB teria para apoiar a volta da CPMF. A derrubada da contribuição em dezembro de 2007 é apontada como a única grande derrota imposta pela oposição ao governo Lula em oito anos. Ainda mais que uma das preocupações dos tucanos agora é manter sintonia com os 45% de eleitores que votaram Serra.

- Quase metade do eleitorado nacional se identificou conosco. Por isso, temos de fazer oposição e organizar o partido como algo permanente, sinalizando que ele é maior do que a eleição. Criar mais um imposto agora é igual a dar leite condensado para um doente diagnosticado com obesidade mórbida - afirmou o presidente do Instituto Teotonio Vilela (ITV), deputado Luiz Paulo Velozo Lucas (ES).

Os integrantes da Executiva Nacional anteciparam que futuras disputas, como a pela vaga de candidato à Presidência em 2014, deverão ser dirimidas por prévias.

- As prévias passarão a ser uma instância decisória daqui para a frente - confirmou Velozo Lucas.

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