O primeiro trimestre do ano foi perdido pela economia brasileira. A atividade está em declínio, a criação de empregos diminuiu e as famílias encontram-se cada vez mais endividadas. O país está paradão.
Ontem, o Banco Central divulgouque a atividade econômica caiu 0,23% em fevereiro em comparação com o mês anterior. Foi a segunda vez no ano que isso aconteceu, o que indica falta de vigor capaz de promover recuperação mais consistente, como prometido pelo governo.
Com o resultado de fevereiro, o crescimento do PIB acumulado pelo país nos últimos 12 meses baixou para 2,05%. Este é, pois, neste momento, o ritmo de expansão da economia nacional, sob Dilma Rousseff. Repetindo: 2,05% ao ano. Não se trata, portanto, de nenhum espetáculo de crescimento...
Analistas econômicos atestam que, neste ano, o crescimento do PIB brasileiro mal ultrapassará os 3%, praticamente repetindo o medíocre desempenho de 2011. Continua no campo das ilusões a previsão oficial de que a expansão possa chegar a 4,5%. Mero desejo.
A atividade econômica só deve mostrar alguma reação no segundo semestre. Mas, por ora, o lado real da economia exibe redução na geração de emprego, indústrias estagnadas e demitindo, dívidas em alta, inadimplência e crédito contido.
O mercado de trabalho sofre os reflexos da freada. Segundo dados do Caged divulgadosontem, a geração de empregos formais no país no trimestre foi a menor para o período nos últimos três anos: 442,6 mil novos postos. Sobre fevereiro, a queda foi de 36%.
Mais uma vez, a indústria foi o patinho feio da história: no trimestre, a criação de empregos no setor caiu quase 60%. Considerando-se apenas o mês de março, o saldo foi negativo, isto é, houve mais demissões do que contratações - algo que, nos últimos nove anos, só havia acontecido em 2009.
A indústria de transformação perdeu 5.048 postos de trabalho em março. Caíram bastante os empregos no segmento de produtos alimentícios, que teve corte de mais de 25 mil postos no mês, a maior parte no Nordeste. No geral, em 11 estados as demissões superaram as admissões.
Além dos culpados de sempre, o esfriamento da economia também encontra razões em fatores menos notórios. Um deles é a inadimplência, que tem subido continuamente desde o ano passado: as famílias passaram a comprometer parcela cada vez maior de sua renda com pagamento de juros e amortização de dívidas. A corda apertou no pescoço.
Em consequência, também as instituições financeiras tornaram-se mais cautelosas na concessão de crédito, como é natural - afinal, ninguém quer correr risco de perder dinheiro só por causa de broncas mal-humoradas da presidente da República. Com isso, o consumo refreou.
Outro fator diz respeito diretamente à letargia do governo federal. Os investimentos da União continuam travados, como mostrou o Valor Econômico ontem. Os dados oficiais sugerem que eles cresceram 24% no trimestre, mas trata-se de artifícios contábeis.
O governo passou a computar os subsídios concedidos nos financiamentos do Minha Casa, Minha Vida - antes contabilizados como custeio - como investimentos, inflando-os. Sem a mandracaria, teria havido queda de 18% em relação aos três primeiros meses de 2011.
No transcorrer do ano, vai ficando mais evidente que as previsões otimistas feitas pela presidente e sua equipe econômica no início de 2012 estavam completamente descoladas da realidade. As ações recentes tomadas pela gestão petista também não parecem ter o condão de alterar profundamente as perspectivas imediatas. Paradão, o governo assiste a economia adernar.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
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