Após conseguir revogar o aumento de R$ 0,20 das passagens de ônibus, trens e metrô em SP, o Movimento Passe Livre (MPL) anunciou que não convocará novas manifestações na capital. O motivo é a participação de skinheads e ativistas de causas consideradas conservadoras e não apoiadas pelo grupo, como criminalização do aborto e redução da maioridade penal.
MPL anuncia fim das convocações
Após realizar sete protestos nas ruas de São Paulo e obter a redução das tarifas de ônibus, trem e metrô de R$ 3,20 para R$ % o Movimento Passe Livre (MPL) suspendeu a convocação de manifestações na capital Os integrantes do grupo tomaram a decisão ontem. Ò motivo é a participação de ativistas de cansas não apoiadas pelo grupo, como a criminalização do aborto e a redução da maioridade penal.
De acordo com Nina Campello, integrante do MPL, o grupo não é contra a participação de partidos políticos em manifestações públicas nem pede que bandeiras de partidos sejam baixadas. "Somos apartidários (sem ligação direta com partidos), não antipartidários (contra a existência dos partidos)", afirmou.
Eles consideram que surgiram pessoas com objetivos conservadores, incompatíveis com o pensamento do Passe Livre, como representantes do neofascismo, especialmente na manifestação ocorrida anteontem na Avenida Paulista. O grupo, assim como os partidos políticos, foram obrigados a deixar a marcha que estava seguindo pela avenida por causa de ameaças de pessoas identificadas pelos integrantes dos partidos como integrantes de movimentos de ultra-direita - skinheads e carecas.
Com gritos a favor do Brasil e contra os partidos, esses grupos radicais acabaram tendo apoio da maior parte dos manifestantes que estavam ali, que não identificaram nas bandeiras políticas os grupos que apoiaram as reivindicações defendidas pelo MPL.
Futuro* Agora, segundo Rafael Siqueira, outro integrante do movimento, o MPL em São Paulo deverá suspender todas as convocações para decidir o futuro das reivindicações a respeito do transporte público - a reivindicação inicial do grupo, a redução da tarifa de transporte público, foi atendida - e urbanismo e como lidar com ativistas com objetivos contrários a seus ideais.
"A suspensão de novos atos não tem nada a ver com a participação de partidos", disse Siqueira. "A suspensão de novos atos é por dois motivos simples. A gente vai ter de analisar e fazer uma reflexão profunda com as pessoas que são aliadas da gente na luta contra o aumento, de que atitude tomar. Nada é feito por acaso. A segunda coisa é que muita gente da direita, com pautas que a gente discorda totalmente, estão se aproveitando dos atos", afirmou. "Desde os primeiros protestos, essas organizações tomaram parte na mobilização. Oportunismo é tentar exclui-las da luta que construímos juntos", diz texto.
Legalidade» O próximo passo já definido pelo MPL é propor um projeto de lei de iniciativa popular para implementação do transporte público gratuito na cidade. O grupo deve passar a colher assinaturas e enviar o texto para a Câmara Municipal.
Além disso, estão marcados para o domingo três atos públicos que vão servir para explicar melhor o movimento para a sociedade e discutir formas de melhor organizar o transporte público na capital. Os atos vão ser realizados nas zonas sul, leste e oeste.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Um comentário:
O direito de ir e vir no Terceiro Milênio no qual vivemos não se restringe ao direito de andar a pé. Ninguém vai a pé para o trabalho, o lazer (praia, cinema, teatro) ou à escola andando a pé.
De modo que o direito de ir e vir depende do acesso que o cidadão tem aos meios de transporte (ônibus, barcas, navio, avião, trem, bonde, etc).
Os ricos não sabem que problema é esse, estão com seu direito de ir e vir assegurado. Os pobres, especialmente os mais pobres e os desempregados só terão esse direito assegurado quando o ônibus for um transporte gratuito. Em alguns municípios pequenos como Ivaiporã isso já é uma realidade. Uma das promessas do finado deputado Alvaro Vale era justamente o "ônibus da liberdade". A liberdade de ir e vir.
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