sábado, 7 de junho de 2014

PSB sugere que Kassab abandone Dilma

• Partido quer que PSD apoie Eduardo Campos ao Planalto; em troca, abriria mão da vice na chapa de Alckmin em SP

• Nesta sexta, PSB de SP aprovou por unanimidade a aliança do partido com o governador do PSDB

Natuza Nery, Marina Dias – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, SÃO PAULO - O PSB de São Paulo sugeriu nesta sexta-feira (6) uma solução para resolver a disputa pela vaga de vice do tucano Geraldo Alckmin: pessebistas abririam caminho para o ex-prefeito Gilberto Kassab assumir o posto desde que seu partido, o PSD, desista de se coligar com Dilma Rousseff e apoie o presidenciável Eduardo Campos.

Durante reunião do diretório estadual do PSB, que aprovou por unanimidade a aliança do partido para a reeleição de Alckmin, o deputado Márcio França, um dos principais interlocutores de Campos, apresentou a proposta ao colega Walter Feldman, porta-voz nacional da Rede e próximo a Kassab.

Apesar de a ideia ter sido colocada à mesa como uma possibilidade viável, nos bastidores, poucos veem a chance de uma operação dessa magnitude vingar.

Com o acordo entre PSB e PSDB aprovado em São Paulo, dirigentes do partido do ex-governador de Pernambuco defenderam o nome de Márcio França como o candidato a vice-governador na chapa de Alckmin.

Além do deputado do PSB, Kassab também postula a vaga, mas o governador ainda não decidiu qual partido estará a seu lado nas eleições de outubro como vice.

No plano nacional, entretanto, o ex-prefeito de São Paulo prometeu apoiar a reeleição da presidente Dilma, mas se considera liberado para costurar alianças com adversários do PT nos Estados, como é o caso de São Paulo.

Uma mudança dessas significaria verdadeira reviravolta no desenho da eleição presidencial, pois daria a Eduardo Campos, hoje terceiro lugar nas pesquisas, o segundo maior tempo de TV da disputa, passando, portanto, o tucano Aécio Neves (MG) no cronômetro do horário eleitoral gratuito.

Constrangimento
Durante a reunião do PSB, um dos integrantes do diretório estadual do partido e prefeito de São José do Rio Preto, Valdomiro Lopes, afirmou que indicar a vice na chapa do PSDB irá fazer com que o governador tenha que "medir as palavras" antes de falar de Aécio Neves ou Eduardo Campos.

"Se o PSB for vice, Alckmin vai ficar constrangido em negar apoio ao nosso candidato à Presidência, Eduardo Campos, no maior colégio eleitoral do país. Alckmin vai saber medir as palavras para falar dos dois candidatos".

A decisão do PSB, porém, é contrária à opinião de Marina Silva, vice na chapa de Campos, que desde o ano passado defende a candidatura própria no Estado.

Um dos principais aliados da ex-senadora, Feldman disse durante seu discurso que compor a chapa com Alckmin contradiz o discurso nacional da sigla, que prega a "nova política" em detrimento das alianças com " caciques".

Nos último dias, Campos avisou a companheira de chapa que não iria intervir no diretório do PSB paulista para impedir a aliança com o governador do PSDB.

Segundo a Folha apurou, a equipe do ex-governador já elabora um discurso que justifique o acordo sem grandes perdas políticas em termos nacionais.

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