quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Parlamentares da base têm atuação tímida e saem poucas vezes em defesa do governo

• Uma das exceções foi Sibá Machado, que tentou interromper citações à presidente

- O Globo

BRASÍLIA - Nas duas horas e meia de sessão da CPI mista da Petrobras, os deputados e senadores independentes e da oposição puderam atuar, na maior parte do tempo, sem serem incomodados. Apenas em poucos momentos, parlamentares da base saíram em defesa do governo e tentaram reduzir o foco das perguntas aos dois ex-diretores da Petrobras. O mais combativo foi o deputado Sibá Machado (PT-AC), que tentou interromper questionamentos do líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), que citava a presidente Dilma Rousseff. Mas, sozinho, não pôde fazer muita coisa.

Outros parlamentares da base, como o relator substituto da CPI, deputado Afonso Florence (PT-BA), e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), adotaram uma linha de neutralidade. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT), ficou pouco tempo na sessão.

Sibá bateu boca com Imbassahy quando ele fazia perguntas na condição de líder do PSDB. Sibá alegou que o regimento dá aos líderes direito de ter a palavra, mas não de fazer perguntas. Imbassahy fazia questionamentos tentando envolver a presidente Dilma Rousseff nas irregularidades da Petrobras.

- Como é que toda vez que é para lhe ajudar o requerimento vale? Quando é para eu usar, o regimento não vale? Que história é essa? Vossa Excelência pediu a palavra como líder! E como líder Vossa Excelência não pode fazer as perguntas. Ou mudou o regimento de uns dias para cá? Porque nesta CPI, em vários momentos, os líderes só falaram e não podiam perguntar. Por que hoje pode? Essa é a minha pergunta! - questionou Sibá.

Apesar dos protestos, foi permitido a Imbassahy fazer as perguntas. Sibá ainda tentou alegar que as perguntas só poderiam ser feitas se tivessem relação com contradições nos depoimentos de Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró. A mesma tese foi defendida pelo advogado de defesa de Cerveró.

Em entrevista após a sessão, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) afirmou que o governo subestimou a sessão.

- Eu acho que eles não acreditavam na hipótese de a gente ter alguma estratégia para fazer com que Paulo Roberto falasse. O governo, eu acho que não só cochilou, mas achou que Paulo Roberto não ia falar. E hoje ele estava praticamente tranquilo, disposto para falar, e a CPMI produziu grande material que, se souber ser aproveitado, vai ser de muito proveito para a CPMI do ano que vem - disse Delgado.

Afonso Florence (PT-BA) minimizou o depoimento de Costa, mas não negou a existência de corrupção na estatal. O petista afirmou que os depoimentos prestados até agora indicam que há um cartel:

- A sessão cristalizou duas posições distintas, opostas. Os dois (Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró) têm posições conflitantes, detalharam essas posições, mas mantiveram posições conflitantes. A continuidade da investigação é que vai apurar quem dos dois está mentindo.

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