• Para jornal britânico, questão é se instituições vão se manter
- O Globo
Em editorial publicado ontem, o jornal "Financial Times" destaca a crise vivida pelo Brasil, com demonstrações de descontentamento - em relação à fraqueza da economia, à escassez de água e à corrupção na Petrobras - e queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff a seu menor nível, 13%, enquanto o Planalto culpa fatores externos pelas mazelas. "Parece que ainda ontem o país estava com a bola toda. Mas sua queda tem sido especular. Infelizmente, a situação deve ficar ainda pior. A questão central é se as instituições do Brasil vão se manter."
Na análise, o jornal lembra que o país foi favorecido pelo ciclo de valorização das commodities, que permitiu aumento das receitas do governo, da massa de renda da população e do crédito doméstico. Mas, sem disciplina, o processo está se revertendo. "O colapso da moeda, com queda de um terço em seis meses, está reprecificando dramaticamente a economia", enquanto as taxas de juros sobem para combater a inflação e compensar o risco dos investidores internacionais - afinal, o país precisa de capital estrangeiro para financiar seus déficits fiscal e corrente. Além disso, a Petrobras é alvo de ação judicial nos EUA por conta das perdas decorrentes da corrupção.
Para enfatizar a responsabilidade do Brasil pelo mau momento, o "FT" lembra que os vizinhos Chile, Colômbia e Peru, com economias orientadas para o mercado, passaram incólumes pelo fim do ciclo das commodities e estão crescendo com força. Pelo menos, enfatiza o jornal britânico, o país está longe da hiperinflação. Sobretudo, analisa a publicação, as instituições - especialmente o Judiciário - estão atravessando a turbulência com estabilidade. "É um progresso para o "país do futuro", como diz o clichê".
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