Tânia Monteiro – O Estado de S. Paulo
Convencido de que o Tribunal de Contas da União (TCU) promoverá um "julgamento político, e não técnico", para as chamadas pedaladas fiscais, o Palácio do Planalto decidiu elaborar, na reunião da coordenação política de ontem, um plano também político para evitar que o Congresso respalde uma eventual condenação da corte.
O vice-presidente Michel Temer e os ministros estão incumbidos de fazer um corpo a corpo com os parlamentares da base governista para tentar convencê-los de que tudo que foi feito na gestão Dilma Rousseff em relação às pedaladas fiscais seguiu a Lei de Responsabilidade Fiscal - como chegou a citar o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, em entrevista - e de que as operações são análogas às feitas por outras gestões.
O governo tenta dar um passo à frente, indo em busca dos líderes partidários e de deputados e senadores da base aliada, pois sente que poderá não reverter os sinais negativos recebidos do TCU em relação ao julgamento das contas de 2014. Apesar do clima pessimista, o governo vê uma chance de reverter o cenário no Congresso, que precisa avaliar a decisão do TCU. E também deixa no tabuleiro a opção jurídica de tentar uma liminar no Supremo Tribunal Federal, como mostrou o Estado no domingo.
O problema é que há um clima de luta fratricida na Esplanada dos Ministérios que pode atrapalhar esse plano. A guerra está deflagrada entre os ministros, que nem sequer respeitam uma divisão de partidos. Há ministro do PT atacando ministro do próprio PT, petista contra peemedebista, e ministro do PT contra o PC do B. E nessa toada a guerra envolve todos os partidos da base. O titular da Casa Civil, Aloizio Mercadante, continua sendo o alvo predileto da maioria, seja por causa de nomeações não concretizadas, seja por causa de problemas administrativos não solucionados.
Em paralelo, há as incertezas no cenário e grupos políticos que tentam evitar tomar posições agora para esperar o desencadear dos fatos. É o caso, por exemplo, da senadora Mata Suplicy (SP), que está com data marcada para ingressar no PSB, mas tem mantido conversas com o PMDB, pensando na melhor opção para o seu futuro político em São Paulo.
Uma das preocupações relatadas ao Planalto foi de que existiria uma pesquisa encomendada pelo PMDB sobre o impeachment. O partido nega, mas petistas se queixam, dizendo que os peemedebistas ficam com um olho na missa e outro no padre. "De que adianta o governo fazer todo um esforço para se reerguer e o PMDB remando contra a maré?", questionou um ministro aliado de Dilma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário