• Temer promoveu jantar com tucanos com o objetivo de aparar arestas com os aliados; segundo Aécio, o presidente em exercício fará pronunciamento após julgamento do impeachment
Ricardo Brito e Carla Araújo - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA – O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou na noite desta quarta-feira, 17, que o presidente em exercício, Michel Temer, tranquilizou a legenda ao prometer que levará uma agenda de reformas assim que for efetivado como chefe da Nação. Temer promoveu um jantar no Palácio do Jaburu com tucanos com o objetivo de aparar arestas com os aliados, descontentes com os rumos da gestão do interino, em especial na área fiscal, e receosos de que essa ação tinha motivação eleitoral.
Aécio, um dos tucanos que participaram do jantar, disse que o presidente em exercício fará um pronunciamento com a defesa de reformas estruturais após o julgamento do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. “Nós estimulamos (ele) que o faça e esse pronunciamento, a meu ver, sinalizará de forma definitiva o que será o governo Michel Temer, nós esperamos que seja um governo com o compromisso com a história e não com as eleições”, disse ele, na saída do encontro.
O presidente do PSDB contemporizou as recentes críticas feitas por tucanos ao governo. O Estadorevelou há duas semanas que o partido havia dado prazo até o fim do processo de impeachment de Dilma para que a gestão Temer deixasse de avalizar propostas que tivessem impacto para as contas públicas. Afirmou que a legenda vai dar apoio “integral” a uma agenda de reformas que, por exemplo, iniba o aumento dos gastos públicos e reorganize o Estado brasileiro.
“Compreendemos que a interinidade traz certos limites ao governo, mas a gente compreende que, a partir do dia 29, se começa o governo definitivo e que os sinais não podem ser ambíguos, tem que ser claros no sinal das reformas e para isso ele contará com o apoio, a lealdade e o entusiamo do PSDB”, disse.
O presidente do PSDB disse que Temer está convencido da necessidade de se fazer as reformas e, ressaltou, as palavras do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, nesse sentido foram importantes. Aécio afirmou que todos compreendem que a ação do PSDB é vital para que o governo dê certo.
Em entrevista publicada no Estado na terça-feira, Moreira Franco rebatera as recentes críticas feitas pelo PSDB ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e afirmara que ele estava sendo vítima de “manipulação eleitoral”.
Reeleição. Segundo Aécio, não se falou no encontro na sucessão presidencial daqui a dois anos. Ele disse que “2018 será resolvido em 2018” e, num aceno de que Temer, disse que as as pessoas que têm seus direitos políticos garantidos estão aptos a disputar qualquer cargo. Para ele, isso não é um problema do PSDB.
O presidente do PSDB disse que Temer pretende apresentar nas próximas semanas a reforma da Previdência. Ele avalia que, se não for possível concluir sua votação, se deverá avançar “muito” no debate dela.
Aécio foi escalado para falar na saída do jantar em nome do PSDB. Também particparam do encontro, pelo lado dos tucanos, os líderes do partido no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), e na Câmara, Antonio Imbassahy (BA) e o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Padilha elogiou o encontro. “Foi uma reunião de dois partidos aliados que querem a mesma coisa: fazer o Brasil dar certo, conter a dívida pública, reformar para garantir a previdência, atrair parceiros privados para gerar empregos, renda e tributos”, disse.
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