• Partido se torna a segunda força no Estado em eleitorado governado e fortalece vice-governador, que articula apoio da sigla à candidatura do tucano em 2018
Valmar Hupsel Filho e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
O bom desempenho eleitoral do PSB em São Paulo na disputa deste ano, se tornando a segunda legenda em número de eleitores governados, fortaleceu o diretório estadual do partido, principal fiador do projeto político do governador Geraldo Alckmin para 2018. Se no PSDB o tucano ainda não tem a certeza de que poderá lançar candidatura a presidente da República, dentro do PSB paulista, comandado pelo vice-governador, Márcio França, o plano de levar Alckmin ao Palácio do Planalto é prioridade.
“Tenho convicção de que vamos conquistar ampla maioria dentro do partido para apoiar essa tese”, disse França, que preside o diretório estadual da sigla. O desafio, porém, é convencer o restante do partido, que não bate o martelo sobre o apoio. “Considero a candidatura do governador Geraldo Alckmin à Presidência muito importante, mas acho que isso tem que ser colocado e discutido mais à frente, quando o cenário estiver mais claro”, disse o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Nos bastidores, dirigentes do partido consideram que a aliança pode ser vantajosa para ambos os lados. A avaliação é de que após a morte dos ex-governadores de Pernambuco, Eduardo Campos e Miguel Arraes, os pessebistas ficaram órfãos de uma liderança nacional com força para lançar uma candidatura própria à Presidência. E um eventual vice do PSB-PE, onde estão as principais lideranças, poderia ser uma porta de entrada para o tucano na região Nordeste. Além do governador pernambucano, Paulo Câmara, o partido reelegeu no domingo o prefeito de Recife, Geraldo Julio.
Acordo. O crescimento do PSB em São Paulo passou por um acordo entre governador e vice. Em cidades em que os pessebistas tinham candidato forte, como em Campinas, onde o prefeito Jonas Donizette foi reeleito, o PSDB não lançou candidato. Na situação inversa, como em São José dos Campos, o PSB se absteve de participar da disputa.
A dias do segundo turno, Alckmin abandonou a postura discreta que teve no primeiro e participou de agendas de candidatos de partidos aliados. Em Mauá, participou de ato em apoio a Átila Jacomussi (PSB), que se elegeu. Em Guarulhos, embora tenha ficado de fora da campanha no segundo turno por envolver dois candidatos de partidos de sua base (PSB e DEM), o pessebista Gustavo Henric Costa, o Guti, foi o primeiro prefeito eleito a ser recebido pelo tucano no Palácio dos Bandeirantes, anteontem, num sinal de prestígio ao vice, principal articulador da campanha.
Alckmin também tem buscado se aproximar do PSB fora dos limites de São Paulo. No fim de outubro, o tucano esteve em Recife e foi recebido pelo governador Paulo Câmara para um encontro que deixou de fora os tucanos locais – o PSDB pernambucano é alinhado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), também cotado para disputar o Planalto em 2018. Em Minas, Alckmin estreita laços com o prefeito Márcio Lacerda, que rompeu com Aécio. Recentemente, Alckmin e Lacerda, acompanhados de suas mulheres, passaram um fim de semana juntos na casa de campo de João Doria, em Campos Jordão.
Outras siglas. Alckmin também encontra apoio em outros partidos. “Há setores do PPS que veem esse fortalecimento do PSB, PSDB, PV, DEM e nós em São Paulo, como uma boa ideia para uma aliança de centro-esquerda”, disse o presidente do PPS, deputado Roberto Freire. “Hoje falo que o nosso candidato à Presidência, no cenário atual, é o Alckmin. Seja ele no PSDB ou PSB”, disse o presidente nacional do PHS, Eduardo Machado. / Colaborou Erich Decat
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