- O Estado de S. Paulo
• De junho de 2013 ao fim de 2014, nenhuma sigla se beneficiou da perda de simpatia pelo PT
Pela primeira vez em 15 anos o PMDB empatou em simpatizantes com o PT. Ambos aparecem juntos em primeiro lugar, com 11% de citações em pesquisa nacional do Ibope. Desde junho de 2001, o instituto registrava mais petistas do que peemedebistas na sua série histórica de preferência partidária. A mudança coincide com as eleições municipais, quando o PT sofreu a maior derrota eleitoral de sua história. Essa não foi a única mudança nas cores do eleitorado, porém. Nem foi a maior.
A queda da simpatia pelo PT não é novidade. O partido está em decadência na opinião pública desde junho de 2013 – quando centenas de passeatas percorreram o País em protestos contra quase tudo, especialmente contra o sistema de representação. O governo Dilma foi voluntário para ser alvo das manifestações. E o PT, pela primeira vez em décadas, perdeu o domínio das ruas.
De abril a junho de 2013, a preferência pelo PT caiu de 36% para 25%. Desde então, está ladeira abaixo: 20% em julho de 2014, 15% em outubro de 2014, 12% em outubro de 2015 e 11% agora.
Durante um ano e meio, de junho de 2013 ao fim de 2014, nenhuma outra sigla se beneficiou da perda de simpatia pelo PT. Todas permaneceram com preferências de um dígito. O que cresceu nesse período foi o contingente de brasileiros sem simpatia por partido algum. Os sem-partido, que eram 45% da população antes de junho de 2013, se multiplicaram e bateram o recorde da série histórica justamente em outubro de 2014: 73%.
Desde então, o fenômeno oposto vem acontecendo. Parte dos sem-partido começou, lentamente, a declarar simpatia por alguma agremiação. A disputa PT-PSDB que marcou todas as eleições presidenciais brasileiras desde 1994 começou a despolarizar.
Vários partidos de diversos tamanhos se beneficiaram da mudança do eleitorado. Siglas que não eram citadas ou tinham menos de 1% começaram a marcar um, dois, três pontos no Ibope. Na série histórica, o conjunto dos “outros partidos” pulou de 3% para 19% das preferências partidárias entre outubros, de 2014 a 2016.
A demonstrar que o movimento não é um ponto fora da curva ou uma miragem estatística, nunca tantos partidos elegeram tantos prefeitos quanto em 2016. Siglas nanicas saíram do anonimato para governar algumas das maiores cidades brasileiras: o PRB no Rio, o PMN em Curitiba e o PHS em Belo Horizonte. A pulverização foi recorde: 14 partidos governarão 26 capitais.
Diferentemente do PT, PSDB e PMDB também pegaram carona na nova onda da “repartidarização”. Os simpatizantes peemedebistas saltaram de 3% em outubro de 2014 para 10% em outubro de 2015, e 11% agora. É a maior preferência pelo PMDB desde 2007. No caso dos tucanos, a preferência dobrou: de 5% em outubro de 2014 para 10% em outubro de 2015, e estabilizou: 9% um ano depois.
Não por acaso, foram os dois partidos que mais elegeram prefeitos em 2016. O PMDB perdeu sua principal vitrine, o Rio, mas estancou uma perda continuada de prefeituras que sofria desde que se aliou ao PT em Brasília. Já o PSDB foi o partido que mais cresceu em número de prefeitos e ainda reconquistou a principal cidade do País, São Paulo.
Apesar de os três – PT, PMDB e PSDB – estarem quase empatados em primeiro lugar no ranking das preferências partidárias, sua situação é distinta. Os petistas estão em decadência, enquanto tucanos e peemedebistas ensaiam uma recuperação. Essa tendência se manterá até a eleição presidencial de 2018?
Lava Jato à parte, vai depender do desempenho de PMDB e PSDB à frente do poder federal e municipal. O destino de ambos está ligado ao ritmo de recuperação da economia. Por mais tensões que apareçam na relação entre eles, tucanos e peemedebistas estarão amarrados e no mesmo barco. Do lado de fora, esperando sua chance, não está mais só o PT, mas dezenas de outros partidos.
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