Ricardo Galhardo | O Estado de S. Paulo
Quatro dias após o Diretório Nacional do PT orientar as bancadas na Câmara e no Senado a dar prioridade à participação do partido nas mesas das Casas, o Muda PT, grupo que reúne as cinco maiores correntes de esquerda da legenda, decidiu contrariar a direção. O grupo deu início a uma campanha para tentar constranger os parlamentares petistas e, assim, evitar que eles votem em candidatos que tenham apoiado o processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff.
Sob o mote “petista não vota em golpista”, o Muda PT está fazendo ações na internet e plenárias para tentar impedir os parlamentares do partido de votar no atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta a reeleição, e em Eunício Oliveira (PMDB-CE), que disputa o comando do Senado.
Setores das bancadas argumentam que, sem o apoio aos dois integrantes da base do governo Michel Temer, será difícil fazer cumprir o critério da proporcionalidade que daria ao partido o direito de indicar nomes para as direções das Casas.
Em um texto tortuoso, o Diretório Nacional determinou que a prioridade são os cargos dirigentes e liberou as bancadas a votar em apoiadores do impeachment de Dilma.
‘Constrangimento’. “Nosso objetivo é ganhar a maioria nas bancadas e impedir o apoio aos golpistas. Até a eleição (na semana que vem) achamos que podemos acumular força para reverter a situação por constrangimento”, disse o secretário de Formação, Carlos Árabe, representante da Mensagem na direção petista. Questionado se a campanha do Muda PT contraria a decisão partidária, ele respondeu: “Contraria em termos, não é uma insubordinação”.
Segundo o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), a bancada se reunirá amanhã para decidir como se posicionar. “O movimento do Muda PT não coloca em risco a orientação da direção. É muito fraco”, disse Zarattini.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, não quis comentar se a posição do Muda PT configura infração disciplinar.
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