Tucano afirma que declarações de líderes políticos podem ser 'ruinosas para a democracia'
Bruno Boghossian | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que a radicalização e os episódios de violência política no país são alimentados por declarações de desrespeito à lei.
"Está na hora de os líderes entenderem que suas palavras, principalmente as de desrespeito a decisões legais, têm consequências que podem ser ruinosas para a democracia", afirmou o tucano à Folha.
De Londres, onde está, FHC disse ser difícil opinar sobre acontecimentos recentes no Brasil, mas declarou que os ataques à caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros conflitos acentuam a necessidade de fortalecimento das instituições.
"Há tempos venho alertando sobre a radicalização crescente. Ou prestigiamos as instituições e a lei, ou nos arriscamos a ver o crescimento de 'chuvas de ovos', ou, o que é pior, eventualmente, a ouvir tiros que podem atingir alguém", afirmou.
O ataque a tiros à comitiva de Lula aconteceu em Quedas do Iguaçu, no Paraná, na noite de terça-feira (27), quando dois ônibus foram atingidos por disparos. Antes, a caravana do ex-presidente pela região Sul havia sido alvo de ovos e pedras.
O petista respondeu aos ataques afirmando que "ninguém pode dizer que o Lula é agressivo". "Vocês nunca viram um ato de violência nossa contra qualquer candidato", afirmou, nesta quarta (28), em Curitiba.
Os atos de violência provocaram reações em toda a classe política. Na terça, o governador de São Paulo e pré-candidato ao Planalto pelo PSDB, Geraldo Alckmin, disse que o PT estava colhendo o que plantou. No dia seguinte, o tucano mudou de tom e disse que a violência tem de ser condenada.
O presidente Michel Temer disse que o ato é uma pena e que isso gera clima de instabilidade. Ele também criticou as ameaças ao ministro do STF.
"Devo dizer também, que na verdade, essa onda de violência não foi pregada talvez por aqueles que tomaram essa providência, talvez tenha sido, tenha começado lá atrás. E a história de uns contra outros realmente cria essa dificuldade que gera atritos dessa natureza", afirmou Temer.
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