Na semana em que a legenda completa 30 anos, ex-presidente diz que partido está mais liberal, mas 'não menos socialmente orientado'
Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo
Principal símbolo do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considera que o partido criado por ele, Mario Covas, Franco Montoro e outras lideranças paulistas da época está hoje mais liberal. Nesta semana, a legenda completa 30 anos.
Apesar disso, FHC diz que tucanos continuam “socialmente orientados”. Confira principais trechos da entrevista:
• O manifesto de fundação do PSDB disse que o partido nascia longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas. O partido está hoje perto disso?
O PSDB esteve mais perto do pulsar das ruas quando apoiou as medidas necessárias para manter o real. Lembrem-se que eu ganhei a eleição e a reeleição no primeiro turno. Depois, fora do governo federal, o PSDB manteve o controle político em expressivos Estados, como em São Paulo. Mas é indubitável que a crise político-moral que a Lava Jato desvendou levou todos os partidos para longe do pulsar das ruas.
• O PSDB está mais liberal do que antes?
O PSDB é hoje mais liberal, mas não menos socialmente orientado.
• Na sua avaliação, por que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem um desempenho fraco nas pesquisas se comparado às pesquisas do mesmo período desde 1994?
Porque a sociedade mudou muito, os novos meios de comunicação estão à disposição do eleitorado e o momento é difícil para quem está no governo. Entretanto, é cedo para avaliar. O jogo eleitoral para o povo começa mesmo quando a televisão e o rádio entram.
• O que o PSDB deve fazer para recuperar seus eleitores e retomar militantes?
Dadas as características do momento brasileiro, a mensagem, a conduta moralmente correta de quem a emite e o desempenho dos atores políticos serão essenciais.
• O que a prisão de Eduardo Azeredo significa para o PSDB?
O Eduardo está sofrendo as consequências do que hoje ocorre: o passado é julgado pela métrica do presente. Além do mais, há uma busca na mídia por “equidistância”. Assim como houve um mensalão do PT, fala-se de um mensalão do PSDB mineiro, que não houve. O que houve, sim, foi caixa 2, que também está capitulado no Código. E o Eduardo teria sido beneficiário eleitoral, mas provavelmente não ator do delito. Mas para a opinião pública, é tudo “farinha do mesmo saco” e o partido paga o preço, além dele próprio, que foi condenado a 20 anos. Junto com Justiça, há também algo de vindita (vingança). Tempos bicudos.
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