- O Estado de S.Paulo
Bolsonaro foi eleito com 39,2% dos votos, mas precisa governar para 100% dos brasileiros
Se 2018 foi um ano peculiaríssimo, de muita polarização e grandes emoções, 2019 será um ano tenso, com muita coisa por fazer e grandes interrogações, mas a maioria vitoriosa torce para dar certo, boa parte dos derrotados ou alheios também e, por enquanto, só a minoria da minoria esfrega as mãos para dar errado.
Uma coisa é ser contra o governo Jair Bolsonaro, que toma posse hoje depois de eleito legitimamente pelas urnas. Outra, muito diferente, é torcer e trabalhar para dar tudo errado, o governo implodir, a economia explodir, o mau humor se generalizar. Quem pode lucrar com isso? Absolutamente ninguém, nem a oposição.
Goste-se ou não, Bolsonaro venceu e está nas mãos dele aprofundar a recuperação da economia, abrir perspectivas, investimentos e empregos, reprimir a corrupção, distribuir renda e fazer o Estado funcionar como Estado e a iniciativa privada, como iniciativa privada. Disso tudo depende o bem-estar dos brasileiros.
Dos 147,3 milhões de eleitores, 57,7 milhões (39,2%) votaram no novo presidente e 89,3 milhões (60,8%), não. Entre estes, 42,5 milhões, quase um terço, não votaram nem em Bolsonaro nem em seu adversário do segundo turno, Fernando Haddad, do PT. Somam-se aí ausentes, votos nulos e brancos.
Esses números dizem muito da situação política. Assim como seus opositores têm de reconhecer a sua legitimidade, Bolsonaro precisa admitir que teve o voto de menos de 40% e vai governar para 100% dos eleitores – e da população. Vai ter de avançar, ceder e buscar o consenso, sempre negociando com o Congresso e prestando contas à opinião pública. A mídia, por mais agredida, continuará no seu papel de apurar e cobrar.
A posse será animada e festiva, como sempre, mas o esquema de segurança será particularmente rigoroso, cheio de limitações. Faltar guarda-chuva e carrinho de bebê é curioso e limitante, principalmente na época chuvosa de Brasília, mas será que vai faltar também a missa na catedral de Brasília?
Bolsonaro assume com a força do voto, mas particularmente da classe média alta, de parte das corporações, do agronegócio e... das denominações evangélicas. É importante registrar, de outro lado, o clima de confronto do novo governo com o Nordeste, uma das regiões mais populosas, críticas e queridas do Brasil. A única em que o vermelho do PT prevaleceu e Bolsonaro perdeu.
É um mau sinal Bolsonaro não ter nenhum nordestino na linha de frente do seu governo, mas é muito pior o Nordeste não enviar nenhum dos seus governadores eleitos para a posse. É birra juvenil, a ideologia prevalecendo sobre os interesses da região, dos Estados e da sua gente. O governo Bolsonaro perde pouco, o Nordeste tem muito a perder nessa guerra.
Aliás, qual será o comportamento do presidente do Senado, Eunício Oliveira, na solenidade de hoje no Congresso? Aliado do PT no Ceará, derrotado nas urnas, ressentido, será que ele vai disfarçar o desconforto? E Bolsonaro, vai assumir integralmente o papel republicano e fingir que está tudo bem entre ele e o senador?
Mas esses são detalhes, curiosidades para fotógrafos, porque o mais importante hoje será a esperança, a expectativa, os discursos, a apresentação do novo presidente no parlatório de mármore do Planalto. Se é para apostar, ele e Michelle Bolsonaro desfilarão em carro aberto, no velho Rolls-Royce que dá uma pitada de glamour à democracia.
Hoje, é dia da festa. Amanhã, começa um longo caminho para Bolsonaro e seu governo, que vão consumir boa parte da energia do primeiro semestre na reforma da Previdência, difícil e inevitável, e enfrentarão incontáveis obstáculos. Sucesso a ambos, presidente e governo. O sucesso deles é a sorte do povo brasileiro. Feliz Ano Novo para o Brasil!
Um comentário:
Torcer contra o Brasil,jamais,mas tem muita gente torcendo para que tirem o homem de lá,pois,tiraram até a Dilma que é honestíssima.
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