Painel / Folha de Paulo
Fale com eles O governador da Bahia, Rui Costa (PT), diz que “ninguém discute a necessidade da reforma da Previdência”. “O problema é: qual o eixo?”. Sua equipe fez estudo sobre o impacto do projeto do governo Bolsonaro. Alguns pontos, ele diz, oneram as contas estaduais. Costa propõe uma reunião com o relator da reforma, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), para levar o raio-x e as demandas. “Dizem que a capitalização é um bode na sala. Se é bode, passou da hora de tirar. Se demora, o cheiro fica.”
Marchemos Costa vai levar a proposta da reunião com Moreira ao Fórum de Governadores, que reúne os chefes dos 26 estados e do DF, na terça (11).
Aos amigos… O estudo da Bahia mostra, por exemplo, o impacto da reintrodução da paridade para agentes penitenciários e policiais, dando aos inativos o direito a reajustes concedidos à ativa. “Isso, sim, é ideologia. Como o governo tem esse viés policialesco, faz esse aceno. Mas policiais são a maior parte do déficit dos estados. Isso nos onera.”
Ponta do lápis Pelos números da equipe do governador, “na hipótese mais otimista”, a reforma de Paulo Guedes, tal como está, renderia economia de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões à Bahia. “Representa pouco mais de 10% do meu deficit desse ano”.
Escrito em pedra O petista diz que fez o que podia fazer para ajustar as contas. Instituiu previdência complementar em 2015 e aumentou a alíquota de contribuição. “Mas não tenho como defender para o povo da Bahia mudança no BPC, na aposentadoria rural.”
Vida real “O governo precisa saber que esse dinheiro, no Nordeste, movimenta a economia. A feira, o comércio.” Ele ainda critica o método de convencimento da equipe de Bolsonaro. “Esse negócio de ‘só vou dar dinheiro para quem votar com a Previdência’ me afasta. Não vou negociar moeda com a vida do povo. É constrangedor.”
Ouvidos moucos O apelo de governadores do MDB pela inclusão dos estados na reforma da Previdência surtiu pouco efeito. Pesquisa feita pela liderança do partido mostra que, dos 34, 20 votariam contra.
Teatro vazio Um dos entrevistados se divertiu com o fato de Ibaneis Rocha (MDB-DF) ter capitaneado carta de governadores pela implementação das novas regras nos estados. “Sabe quantos deputados do DF são do MDB? Zero.”
Passa depois A decisão do STF da última quinta (6) organiza o programa de privatizações do governo, apostam duas pessoas ligadas a Paulo Guedes (Economia). Para ganhar ritmo, a fila será puxada pelas subsidiárias da Petrobras.
Tempo é tudo As conversas sobre as controladoras, como Correios e Eletrobras, ficam para “a partir do ano que vem”.
Muy amigo Apesar do interesse de Paulo Guedes no assunto, dois ex-presidentes do Banco Central afirmam que a criação da moeda únicacom a Argentina seria péssimo negócio para o Brasil.
Muy amigo 2 Os dois especialistas viram no anúncio interesse puramente político —e não do presidente Mauricio Macri. Para um analista experimentado, é Bolsonaro quem tenta se favorecer com a polarização na eleição argentina.
Perdemos um elemento As cúpulas do Congresso e do STF estavam em um jantar em Brasília quando a notícia da moeda única começou a pipocar. O endosso de Guedes à tese desanimou os presentes. Tratado como “a esperança” do time de Bolsonaro, o ministro entrou para o clube dos que devem ter algumas falas solenemente ignoradas, disseram.
Plano B Diante da possibilidade de o Congresso derrubar os decretos de Jair Bolsonaro que flexibilizam a posse e o porte de armas, a Frente Parlamentar da Agropecuária prepara estratégia para conseguir apoio à tramitação em regime de urgência de projeto que garante o armamento em áreas rurais.
Tremei Investidores chamaram integrantes do PSL para um jantar, na quinta (6), e perguntaram sobre a relação do partido com o governo. Respostas: 1) a sigla sempre votará de acordo com as próprias convicções, mesmo que isso vá contra interesses do Planalto, e 2) pretende tocar pautas de costumes após a votação da reforma da Previdência.
TIROTEIO
Em sigla que tem o Queiroz como caixa da família presidencial, comprar nota é contravenção. Bivar pode até virar ministro
Do deputado Paulo Pimenta, líder do PT, sobre o presidente do PSL ter usado empresa que vendia notas fiscais para justificar gastos
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