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“É preciso pôr fim a isso”, disse o ministro
Foi, de longe, a mais dura advertência feita por um ministro do Supremo Tribunal Federal ao governo e às Forças Armadas desde que o coronavírus se espalhou pelo país e colheu a primeira vida no final de março último. Atém ontem, a pandemia matou cerca de 71.500 pessoas e contaminou pouco mais de 1.840 mil.
Ao comentar o fato de um general (Eduardo Pazuello) estar como ministro interino da Saúde há mais de 25 dias, Gilmar disparou: “Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso”.
Pazuelo substituiu o médico Nelson Teich que sucedeu o médico Luiz Mandetta. Teich não ficou no cargo sequer 30 dias. Largou-o para não ceder às pressões do presidente Jair Bolsonaro que queria que ele recomendasse o uso da cloroquina no tratamento da doença mesmo contra a opinião de médicos e de cientistas.
É a primeira vez desde 1953, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, que o Ministério da Saúde fica tanto tempo sem um titular. Naquele ano, Antônio Balbino comandou de agosto a dezembro a pasta interinamente, enquanto também era chefe do Ministério da Educação. As duas pastas haviam acabado de se separar.
“Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa”, disse Gilmar.
Bolsonaro já quis nomear Pazuello ministro da Saúde. Os militares se opuseram – tanto os que ocupam cargos quanto os que comandam o Exército, Marinha e Aeronáutica. Pazzuelo é um general da ativa. Para não associar a imagem do Exército ao do governo, seus colegas cobram que ele passe antes para a reserva.
Havia outro general da ativa ocupando cargo de ministro – Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria do Governo. Recentemente, sob a pressão dos seus colegas de farda, ele pediu sua passagem para a reserva. Como interno na Saúde, Pazuello tem se comportado até aqui como um dócil servidor do presidente da República.
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