A
vitória de Luis Arce na Bolívia sela mais uma derrota da diplomacia de Jair
Bolsonaro e Ernesto Araújo. A dupla envolveu o Brasil na quartelada que
derrubou o então presidente Evo Morales. Menos de um ano depois, os golpeados
deram o troco nos golpistas e voltaram ao poder pelo voto.
Bolsonaro
e Araújo festejaram a derrubada de Evo, que teve a casa invadida e foi obrigado
a fugir do país. O chanceler trapalhão tuitou que não houve “nenhum golpe” na
Bolívia. Horas antes, uma junta militar havia ocupado a TV para exigir a
renúncia do presidente.
Evo
ignorou um referendo na tentativa de se perpetuar no poder. No entanto, a
alegação de que ele teria fraudado a última eleição nunca foi provada. O
relatório da OEA que apontava “graves irregularidades” na apuração caiu em
descrédito. Foi desmontado por especialistas de três universidades americanas.
Além
de apoiar a virada de mesa, o Itamaraty ajudou a entronar Jeanine Áñez como
presidente interina. Ela descumpriu a promessa de convocar eleições em janeiro
e usou o cargo para perseguir opositores, segundo relatório da Human Rights
Watch.
Ao
tomar partido dos golpistas, o Brasil perdeu condições de mediar a crise no
país vizinho. Foi uma estratégia desastrada. Ontem o chanceler Araújo passou o
dia em silêncio, enquanto a oposição boliviana parabenizava Arce pela vitória
em primeiro turno.
Esta
não foi a primeira operação tabajara da política externa de Bolsonaro. O
Itamaraty se associou a Juan Guaidó na tentativa de derrubar Nicolás Maduro na
Venezuela. O presidente autoproclamado sumiu do mapa e o chavista continuou no
poder.
O
Planalto também fracassou ao tentar interferir nas eleições da Argentina. O
capitão se empenhou na campanha de Mauricio Macri, mas não conseguiu evitar o
triunfo de Alberto Fernández.
O peronista se fortalece com a escolha dos bolivianos. Em 2019, ele condenou a quartelada e ofereceu asilo diplomático a Evo. Ontem celebrou a vitória de Arce como uma “boa notícia para quem defende a democracia na América Latina”.
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