- Folha de S. Paulo
O general alinhou-se em obediência cega ao
genocida-mor
Quando o general Eduardo
Pazuello assumiu o Ministério da Saúde como interino, em maio de 2020,
o Brasil estava prestes a alcançar a marca de 30 mil mortos pela pandemia. Dez
meses depois, ele deixou o cargo com esse número multiplicado por dez. Ao lado
das medalhas que leva no peito (se leva alguma), merece carregar o epíteto de
ministro do genocídio.
Convenhamos, ele se esforçou para tal.
Alinhou-se em obediência cega ao genocida-mor e deixou de comprar vacinas.
Endossou a vigarice do tratamento precoce e empurrou cloroquina quando Manaus
precisava de oxigênio.
Agastado com a demissão, tentou passar a imagem de que resistira à corrupção. Disse, sem dar nomes aos bois, que houve pressão dentro do ministério para que um certo medicamento fosse enquadrado em "critérios técnicos". Mencionou "oito atores" agindo com "ações orquestradas" contra sua equipe e disse ter rejeitado lobby de empresas e de políticos que queriam "pixulé".
Pazuello poderia esclarecer tudo isso à
CPI, não tivesse recorrido ao STF para ficar calado.
No período em que esteve no ministério, pouco se soube a respeito dele, além de
uma suposta especialização em logística. Dois sites, contudo, revelaram
conexões empresariais do general no Amazonas, justamente onde ele teria
assumido um dos comandos militares mais importantes do país se não tivesse ido
para o ministério.
O site Sportlight revelou que Pazuello se tornou sócio de uma empresa de navegação quando já era secretário-executivo da Saúde. A empresa pertence à sua família e tem relações contratuais com órgãos públicos. O site De Olho nos Ruralistas mostrou a sociedade em mais duas empresas com o irmão, Alberto Pazuello, figura barra pesada da crônica policial de Manaus. Em 1996, foi preso por estupro e tortura de adolescentes e acusado de participar de um grupo de extermínio. Conhecer o contexto do personagem em questão talvez ajude a CPI a entender melhor seu papel no morticínio brasileiro.
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