Folha de S. Paulo
Ex-presidente emite poucos sinais sobre
agenda, com foco em eleitor de baixa renda e na classe média
Lula apresentou um esboço das bases de seu
plano econômico numa
entrevista coletiva no início de outubro. "Eu quero um Estado
com força para que ele seja o indutor do desenvolvimento. Um Estado que não
tenha preocupação de fazer dívida para investir num ativo produtivo para este
país", disse.
O PT rejeita a ideia de anunciar publicamente um assessor econômico para a candidatura de Lula, com o argumento de que o próprio ex-presidente será o responsável por esse capítulo do programa. Ele mesmo já repetiu os pilares dessa agenda em declarações feitas nos últimos meses: investimento público e ampliação de gastos sociais, com o equilíbrio fiscal em segundo plano.
"Eu quero um Estado que não discuta se
vai financiar a educação porque é gasto. Tem que financiar a educação. Um
Estado que cuide das pessoas sem se preocupar com o gasto de cuidar das
pessoas", afirmou Lula, naquela mesma entrevista.
Os petistas decidiram fazer uma exibição
controlada de seus planos para a economia nesta etapa da pré-campanha. O ex-presidente
lança pistas pelo caminho, enquanto ninguém se apresenta como um porta-voz
oficial para a área. Mesmo Guido Mantega, que assinou na Folha um artigo
sobre os planos de Lula, precisou anotar que o texto "não
expressa o ponto de vista da candidatura".
Essa movimentação faz parte de um cálculo
eleitoral dos petistas. Primeiro, o ex-presidente quer mandar sinais de que seu
programa econômico será formatado para a
população mais pobre, sem destaque para restrições de gastos. Além
disso, os petistas limitam a divulgação de detalhes para deixar margem para
possíveis negociações nesse capítulo ao longo da corrida.
A economia será uma peça-chave da campanha
de Lula para tentar cativar o eleitorado de baixa renda e da classe média. A
ideia é explorar nessa pauta um contraponto central entre o petista e o governo
de Jair Bolsonaro. O desenho completo da agenda, no entanto, só deve aparecer
quando a disputa apertar.
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