O Estado de S. Paulo
Devem-se recuperar os padrões de respeito e de civilidade e levar aos tribunais os autores de arruaças
O juiz e professor da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Luis Manuel Fonseca Pires estava
quase terminando sua fala no Congresso Paulista de Direito Constitucional,
da Ordem dos Advogados do Brasil, quando cunhou um termo que deve
frequentar a discussão política do País nos próximos meses: desbolsonarização.
Autor de Estados de Exceção, obra que trata dos autoritarismos do século 21, ele explicou o que a desbolsonarização seria: “Precisamos, para o Brasil, sob o regime democrático, retransformar tanto a institucionalidade quanto a sociabilidade, para que elas não sejam pautadas pela violência, com pessoas sacando armas e perseguindo outros nas ruas. É preciso um processo para trazer as pessoas a um padrão de civilidade, de respeito, a um padrão democrático. Lutar por isso é lutar também por todos os que não enxergam dessa forma ainda, todos que escolheram um sistema autoritário”.
Esse processo passaria até pela recuperação
dos significados de palavras como democracia,
patriotismo e ordem. Mas sem esquecer a aplicação da lei. Foi o que moveu 186
procuradores a cobrar do procurador-geral, Augusto Aras,
ações enérgicas contra bolsonaristas responsáveis por bloqueios de estradas –
inclusive autoridades com foro no STF –,
pois a arruaça dos perdedores não pode ameaçar o Brasil com tumultos,
agressões, ataques à polícia e ao estado democrático de direito, como marcar
com estrelas as lojas de quem votou no petista. O que se planeja? Uma nova
kristallnacht? Nada disso pode ficar impune.
Ao apresentar a acusação aos integrantes
das juntas militares argentinas, o procurador Julio César Strassera lembrou a
lição de Oliver Wendell Holmes Jr., juiz da Suprema Corte americana: “Quando a
lei ameaça com certos males quem faz certas coisas, se alguém persiste em fazer
aquilo, a lei lhe deve infringir esses males com o objetivo de que as ameaças
continuem sendo críveis”. O caráter retributivo da lei não deve ser afastado
sob pena de ela cair em descrédito.
Strassera – retratado no filme Argentina,
1985 – sabia quem estava citando. Oliver Holmes era linha dura com os
criminosos. E assim negou o habeas corpus aos anarquistas Nicola Sacco e
Bartolomeo Vanzetti na noite em que foram executados na cadeira elétrica, em
1927 – eles seriam reabilitados em 1977.
Holmes Jr. pensava ser necessário se render à realidade. “Até cachorros sabem a diferença entre tropeçar e levar um chute.” Para ele, devia-se levar em conta que, “se o objeto da punição é a prevenção, a mais pesada punição deve ser usada como ameaça quando os mais fortes motivos determinam sua utilização”. Eis a lição que se devia ensinar a todos os liberticidas.
Um comentário:
É necessário mesmo processar e punir os arruaceiros criminosos! Inclusive o chefe deles quando deixar a presidência da república, em 31 de dezembro deste ano... É bom o GENOCIDA Jair se acostumando com a proximidade da sua prisão!
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