O Estado de S. Paulo.
A prescrição mais conhecida do altruísmo efetivo é se dedicar àquilo que se faz melhor
Minha vida tem propósito? Devo mudar o rumo
da minha carreira? Como ajudar mais o próximo no ano que vem? Reflexões que são
mais comuns no final do ano. Um movimento tenta ajudar com essas inquietações
fornecendo respostas sobre “como fazer o bem”. Vamos falar hoje sobre essa
espécie de ciência do altruísmo.
A turma do “altruísmo efetivo” reúne
evidências para ajudar pessoas em dúvida sobre para que tipo de ONG doar seu
dinheiro, ou ainda que área deve escolher quem quer impactar o mundo com seu
trabalho.
A Givewell monitora com dados que iniciativas de caridade alcançam maior impacto com os recursos recebidos. No planeta, sugere doações para ONGS que trabalham em prevenção da malária (como distribuição de mosquiteiros) e desparasitação, por exemplo.
Já o 80,000 hours orienta em relação à
carreira. As com maior capacidade de gerar impacto estariam no setor público,
no terceiro setor, na academia e na comunicação. Quanto a temas específicos,
áreas importantes para dedicar à carreira incluiriam a mudança climática e
também as relacionadas a riscos existenciais.
Estas são aquelas áreas que trabalham com
riscos muito pequenos de acontecer, mas cujas repercussões poderiam ser
devastadoras. A pandemia de covid-19 é um exemplo da importância desse trabalho.
Prevenção a bioterrorismo, desastres nucleares e mau uso da inteligência
artificial estão nesse rol.
Mas a prescrição mais conhecida do
altruísmo efetivo é outra: dedicar a carreira àquilo que se faz melhor. Gerar
impacto seria uma atividade especializada. Quem quer fazer o bem deveria assim
ganhar o máximo de dinheiro possível e doar boa parte dele às caridades
efetivas.
Nesta ótica, não valeria largar uma
promissora carreira no mercado financeiro ou na advocacia para ajudar o
próximo, e sim lucrar e distribuir. Pelo menos 10% do salário é o que se
recomenda nessa abordagem (earn to give, “ganhar para doar”).
O movimento, porém, caiu em certa desgraça
recentemente com um dos expoentes justamente dessa estratégia. O bilionário Sam
Bankman-fried foi preso no escândalo das criptomoedas. Era um garoto-propaganda
do altruísmo efetivo.
E aqui? O avanço da assistência social nos
últimos anos pode permitir ao País erradicar a extrema pobreza, com uma
atualização inteligente do Bolsa Família. A caridade no Brasil ganhará um novo
perfil? Não parecemos ainda ter nada parecido com as métricas da Givewell – há
espaço para inovar aí.
Que no próximo ano o leitor encontre
contentamento em seus objetivos. Boas festas! •
2 comentários:
No lado oposto, a prática de como fazer o MAL! Nestes 4 últimos anos, tivemos o campeão mundial Jair Messias Bolsonaro, inovando em vários aspectos e mostrando maneiras muito eficientes de DESTRUIR, CONTAMINAR, MATAR, DEBOCHAR DE DOENTES, AGREDIR e MENTIR INCESSANTEMENTE! Verdade que nos últimos 45 dias ele deu umas fraquejadas e chegou mesmo a broxar, felizmente!
Precisamos,todos,fazer o bem não importando a quem.
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