Folha de S. Paulo
Desgaste político do presidente nas últimas
semanas desaguou no gabinete de Rui Costa
Em fevereiro, Lula aproveitou
a passagem por um palanque na Bahia para encher a bola de seu ministro da Casa
Civil. "Trabalhar com o Rui Costa é
ter tranquilidade. Você não precisa pedir para ele fazer as coisas. Ele sabe o
que fazer", disse. "Eu posso deitar toda noite, encostar a cabeça no
travesseiro e dormir sabendo que o Rui está trabalhando."
Lula escolheu instalar no Palácio do
Planalto alguém com autoridade para tocar projetos, mediar conflitos dentro do
governo e tirar abacaxis do gabinete presidencial. Descrito pelo chefe como uma
espécie de primeiro-ministro, Costa se consolidou como o homem mais poderoso da
Esplanada —mas também se tornou a maior vidraça do governo.
O desgaste político enfrentado por Lula nas últimas semanas desaguou na Casa Civil. Parlamentares argumentam que o estilo centralizador de Costa e atropelos provocados por um excesso de poder vêm piorando a relação dos partidos com o Planalto.
Alvo do Congresso, o decreto que muda o
marco do saneamento foi moldado na Casa Civil. Deputados também atribuem à
pasta uma
trava na nomeação de apadrinhados e no pagamento de emendas. Costa ainda
piorou o clima ao dizer que a desestatização da Eletrobras, aprovada na Câmara
e no Senado, tinha "um
cheiro ruim de falta de moralidade".
Colegas de governo, já incomodados com o
protagonismo do ministro, também passaram a apontar o dedo para Costa. O chefe
da Casa Civil indicou que está de olho no fogo amigo. "É um ambiente de
muita futrica, fofoca, fake news e montagem de notícias falsas", disse à
GloboNews na quarta-feira (10).
Lula também viu o sangue na água. Nesta
quinta (11), o presidente reforçou o poder do auxiliar: "O Rui toma conta
do governo. Tudo o que vai para mim passa pelo Rui primeiro."
O presidente disse que Costa é sua
"Dilma de calças". A diferença é que, nos primeiros mandatos, Lula
delegou a gerência de projetos à ministra, mas arbitrava as relações políticas.
Agora, o petista parece ter menos disposição para desatar esses nós.
Um comentário:
Pois é...
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