O Estado de S. Paulo
Senador cobra de Lula indicação de Pacheco para 2.ª vaga no STF, de olho na cadeira do afilhado
O apoio conquistado por Cristiano Zanin
para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) conta com um padrinho
importante, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de Davi
Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado.
Alcolumbre não só marcou a sabatina de
Zanin para o próximo dia 21 como vê a aprovação do advogado de Lula como “favas
contadas”. Não é só ele. “Um presidente nunca indica quem sabe que o Senado vai
recusar”, disse o ministro do STF Alexandre de Moraes ao lembrar que rasteiras
assim só foram registradas no governo do marechal Floriano Peixoto.
Diante desse cenário, o jogo de Alcolumbre,
agora, avança para a segunda casa, de olho na vaga a ser aberta em outubro, com
a aposentadoria da presidente da Corte, Rosa Weber.
Na recente conversa com Lula, o senador prometeu ajudar Zanin a angariar votos. O presidente da CCJ é conhecido, porém, por cobrar a fatura com insistência. E o que ele quer, além de cargos no Dnit, na Caixa e na Secretaria de Patrimônio da União, entre outros, é transformar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em ministro do STF no fim do ano.
Embora o PT pressione Lula a escolher uma
mulher, Alcolumbre trabalha dia e noite para emplacar Pacheco. Não sem motivo:
se Lula topar, ele terá de renunciar ao comando do Senado. Em casos assim, o
regimento prevê nova eleição para a presidência da Casa. Não é difícil imaginar
que Alcolumbre já se articula para retornar a esse posto. Sua meta é ficar no
cargo por cinco anos e, se necessário, poderá até mesmo migrar para o PSD de
Pacheco, hoje o partido com mais senadores.
Influente na distribuição de emendas, o
padrinho de Zanin e Pacheco sabe, no entanto, que terá de recorrer cada vez
mais a esse expediente, se quiser ganhar adesões. “Com eleição extraordinária
ou não, o MDB vai ter candidato”, avisou Renan Calheiros (AL), líder da Maioria
e ex-presidente do Senado.
Se tudo correr como o script planejado e
Alcolumbre tiver mandato-tampão até 2025, a ideia é tentar a recondução ao
cargo. Em 2021, ele teve a candidatura barrada porque a reeleição na mesma
legislatura é proibida. Mas o quadro agora é outro. O eleito foi Pacheco e há o
precedente de Rodrigo Maia, que “herdou” a presidência da Câmara de Eduardo
Cunha, em 2016, e se reelegeu duas vezes.
É por essas e outras que, com atitude
oposta à de dois anos atrás, quando segurou por cinco meses a sabatina de André
Mendonça, Alcolumbre abraçou Zanin. Em Brasília, porém, a conta não demora a
chegar. Resta saber se Lula vai pagá-la ou esperar o troco do Centrão. •
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