Folha de S. Paulo
Instituições funcionam melhor com
disciplina, mas ela não deve ser imposta a ferro e fogo
Foram as escolas cívico-militares que me puseram a favor da
possibilidade de ensino domiciliar. A perspectiva de um futuro sombrio, em que
seríamos governados por Eduardo Bolsonaro e no qual todas as escolas seriam
militarizadas, me fez ver com bons olhos a existência de uma saída legal para
que os netos que ainda não tenho jamais fossem obrigados a pisar numa
instituição dessas.
É certo que escolas funcionam melhor quando há um pouco de disciplina, mas daí não decorre que ela deva ser imposta a ferro e fogo e acompanhada de continências, fardas, ordens unidas e exibições deprimentes de nacionalismo. Um bom diretor civil é em tese capaz de manter as rotinas necessárias ao aprendizado. No mais, jovens precisam ter algum espaço para experimentar e até transgredir. Faz parte do crescimento.
Já a tão propalada excelência das escolas
cívico-militares deve ser vista com boa dose de ceticismo. Os entusiastas
dessas instituições não apresentam estudos que amparem suas afirmações e nem
sequer detalham as estatísticas. De todo modo, não é difícil melhorar o
desempenho de escolas isoladas quando elas recebem mais verbas que as outras e têm a oportunidade
de direta ou indiretamente livrar-se de alunos com mau desempenho acadêmico ou
disciplinar. O desafio para os sistemas de ensino é melhorar com o nível de
recursos de que já dispõem e sem excluir ninguém.
Aplaudo com vigor, portanto, a decisão do
governo Lula de descontinuar o programa federal de escolas cívico-militares.
Governadores dizem que vão mantê-las em âmbito estadual. Não gosto, mas, desde
que observadas certas garantias, como a de que sempre haverá alternativas civis
para quem preferir, não creio que haja inconstitucionalidade. Está dentro de
suas prerrogativas fazê-lo.
O fato concreto é que não há razão prática
ou teórica para colocar militares nas escolas. Eles foram há pouco postos na
saúde e tivemos um morticínio.
3 comentários:
Militares na saúde = militares na educação = militares na ciência e tecnologia = militares nas minas e energia = DESASTRE TOTAL!
Verdade.
Foi o Antonio Hamilton Martins Mourão, hoje general senador
(ou senador genérico?) que disse:-"Nós somos os profissionais da violência"
Então?! "Profissionais da violência" em escolas?!
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