O Estado de S. Paulo
Estratégia da oposição é tirar da gaveta projetos infames só para acuar Lula e o governo
A urgência aprovada na Câmara para o fim das
delações premiadas de presos e a equiparação do aborto após 22 semanas de
gravidez a homicídio não foi para valer, para levar até o fim e ambas virarem
leis. Então, por que os pedidos de urgência foram colocados em votação pelo
presidente da Câmara, Arthur Lira? Para dar um susto no governo, empurrar o
presidente Lula contra a parede e animar o bloco bolsonarista.
Golpe de mestre ou jogo sujo da oposição? O fato é que o governo e Lula foram jogados duas vezes numa situação difícil, batendo cabeça num momento já delicado, com a popularidade medíocre do presidente, dúvidas sobre o equilíbrio fiscal, dólar, juros e ataques especulativos contra Fernando Haddad. Nesse ambiente, bolsonaristas sacaram um projeto para “bagunçar o coreto” governista, ao sujeitar meninas e mulheres a 20 anos de prisão, caso abortem após 22 semanas de gestação, mesmo nos casos já previstos em lei.
Lula jamais poderia acatar a proposta, pela
crueldade que ela contém e porque atrairia o horror de sua base histórica e de
setores liberais da sociedade. Mas ele demorou a se posicionar, para não
confrontar bancadas e eleitores evangélicos e sua base conservadora no
Congresso.
Bingo! O script de Lula foi como a estratégia
bolsonarista previa: perplexidade, medo e líderes batendo cabeça, até o
presidente declarar que “é contra o aborto” e também contra o projeto “insano”
da Câmara. Foi suficiente para pastores e aliados de Bolsonaro fazerem um
carnaval na internet e um espetáculo macabro no Senado contra Lula.
O projeto infame nem precisa ser votado,
porque já cumpriu seu objetivo. Mesmo diante da forte reação contra ele nas
ruas, em entidades como a OAB e nas pesquisas do Senado na internet (88% de
mais de um milhão de pessoas desaprovam), deixou Lula contra a parede e ativou
na memória de conservadores que o PT e as esquerdas são pró-aborto – sem
distinguir apoio a aborto de apoio à descriminação do aborto e do direito das
mulheres sobre sua vida e seu corpo.
A estratégia já tinha sido testada, quando
bolsonaristas tiraram da gaveta e garantiram em plenário a urgência de um
projeto de nove anos atrás que veta a delação premiada de presos. Como o autor
foi um petista de quatro costados, o que restava a Lula e seus líderes?
Condenar ou apoiar um projeto do PT que foi feito sob encomenda para ele e o
partido na Lava Jato e hoje favorece Jair Bolsonaro? Golpe de mestre da
oposição, saia-justa do governo.
Assim, Lula vai ficando em cima do muro, seus líderes parecem zonzos, Lira atrai votos da oposição para sua sucessão, o Centrão ora vai para um lado, ora para outro e o bolsonarismo faz até teatro macabro no plenário do Senado.
3 comentários:
A jornalista não mencionou o apoio claro e veemente ao projeto lei contra o aborto a partir de 22 semanas e meia ou seja cinco meses e meio, quando a criança já pode nascer e viver CNBB emitiu uma carta em que o lema é :
“A mãe e a criança devem viver e terem vida em abundância “
O Lula vive no passado Está bebendo muito como sempre , está senil , agindo de forma desordenada, falando uma bobagem atrás da outra , se não fosse a complacência absoluta da mídia tradicional , bem paga , ele estaria liquidado
Contra o aborto todo mundo é,até parece que ser contra alguma coisa resolve a questão,todo mundo sabe que droga é droga,por exemplo.
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