Correio Braziliense
O PSDB renasce das cinzas, como fênix, na
capital paulista. O apresentador comemorou o resultado da pesquisa Quaest sobre
a disputa eleitoral: “A cidade procura uma alternativa”
Pesquisa Genial Quaest, divulgada ontem,
sobre as eleições para a Prefeitura de São Paulo, roubou as atenções políticas
em Brasília, porque mostra um surpreendente empate técnico entre o prefeito
Ricardo Nunes (MDB), com 22% de intenções de votos, o deputado federal
Guilherme Boulos (PSol), com 21%, e o apresentador José Luiz Datena (PSDB), com
17%. Os três estão embolados na margem de erro da pesquisa, que é de 3% para
mais ou para menos.
Com Datena, o PSDB renasce das cinzas, como fênix, no seu berço histórico, a capital paulista. O apresentador comemorou o resultado da pesquisa: “Ficou claro que a cidade procura uma alternativa. Quero ser prefeito para tirar o crime organizado da prefeitura e dos serviços públicos. O PCC não vai mais mandar nos ônibus de São Paulo”, afirmou. Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, Datena é o mais rejeitado entre os pré-candidatos, mas também é o mais conhecido.
Para ele, a rejeição pode desestimular o
apresentador, embora sua arrancada tenha sido muito e forte e lhe garanta uma
posição competitiva quando começar a propaganda de rádio e tevê — ainda mais
sendo um experiente comunicador. Datena é o mais rejeitado, com 51%; Boulos,
com 41%; e Nunes, 38%.
“Nunes e Boulos aparecem com potencial de
voto (conhece e votaria) e rejeição (conhece e não votaria) muito parecidos,
com uma pequena vantagem para o atual prefeito. Os outros candidatos ainda têm
pelos menos 50% de desconhecimento, mas vale notar que todos tem rejeição maior
que potencial de voto”, avalia o diretor da Quaest.
Nunes vai melhor entre homens, idosos e
pessoas que estudaram até o ensino fundamental. Boulos, entre mulheres, pessoas
entre 35 e 59 anos e com ensino superior. Entre as pessoas que ganham até dois
salários mínimos, Datena aparece em primeiro lugar, com 26% das intenções de
voto. Neste segmento, Nunes tem 18% e Boulos, 13%. Sem Datena e o influencer
Pablo Marçal (PRTB) na corrida, Nunes salta para 30% das intenções de voto.
Nesse caso, Boulos aparece com 25%.
O candidato do PSDB rebate os comentários de
que pode desistir, como em outras vezes. Embalado pelo resultado das pesquisas,
diz que desta vez irá até o fim. O presidente do PSDB de São Paulo, o
ex-senador José Aníbal, artífice da candidatura, registrou sua satisfação com o
resultado, que segundo ele “surpreendeu os aliados”.
A decisão de romper a aliança com Nunes, que
foi vice de Bruno Covas e assumiu a Prefeitura de São Paulo quando ele morreu,
logo após ser reeleito, rachou o PSDB paulistano. Os oito vereadores tucanos
deixaram a legenda para permanecer na base do prefeito. Datena subtrai votos de
todos os candidatos, porém, os mais prejudicados pela sua candidatura foram
Marçal, que está com 10%, e Tábata Amaral (PSB), com 6%.
Marina Helena (Novo) tem 4%; Kim Kataguiri
(União Brasil), 3%; João Pimenta (PCO) e Ricardo Senese (UP), 1%; Altino (PSTU)
e Fernando Fantauzzi (DC), 0% — indecisos são 7%. Nenhum/branco/nulo
representam 8% dos eleitores. Foram ouvidas 1.002 pessoas, presencialmente,
entre 22 e 25 de junho. O nível de confiança é de 95% e o número de registro na
Justiça Eleitoral é SP-08653/2024.
Terceira via
As eleições municipais costumam ser
polarizadas por adversários locais, num esquema “situação x oposição” que
independe dos partidos, exceto nas maiores cidades. Por essa razão, a disputa
pela Prefeitura de São Paulo é o epicentro da polarização entre o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que apoia Boulos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro,
aliado de Nunes, coadjuvado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nem o PT e nem o PL tem candidatos na capital.
Lula indicou a ex-prefeita Marta Suplicy, que
voltou ao PT, para vice de Boulos. Bolsonaro colocou como vice de Nunes o
coronel ferrabrás da Polícia Militar paulista Ricardo Mello Araujo,
ex-comandante da Rota. Entretanto, a pesquisa mostra que a disputa não está tão
polarizada, porque deixou Datena como uma opção de terceira via.
Nesse cenário, Marçal, bolsonarista raiz, que
até então era a grande surpresa eleitoral, atrapalha o projeto de Nunes. O
influencer promove cursos de desenvolvimento pessoal pela internet e subtrai os
votos da extrema direita que Nunes pretende atrair. O presidente do PL,
Valdemar Costa Neto, faz o que pode e oferece o que não pode para que o Marçal
desista da candidatura a prefeito e apoie Nunes, em troca de garantia de
legenda e apoio para disputar o Senado em 2026.
Esta situação mais ou menos se repete, mas
com sinal trocado, no campo da centro-esquerda. A candidatura de Tábata, que já
havia sido ultrapassada por Marçal, foi enfraquecida pela chegada de Datena.
Seu projeto era uma candidatura de centro-esquerda, capaz de chegar ao segundo
turno e derrotar quem viesse pela frente, fosse Nunes ou Boulos.
Esse projeto acabou fragilizado, antes mesmo de a campanha começar. A
possibilidade de que Tábata venha a ser candidata a vice de Datena é remota.
Um comentário:
Boulos vem caindo,talvez por sua agressividade,ele deve ser mais comedido,chamar alguém de ''picareta'' é muito deselegante,para dizer o mínimo.
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