Na grande mídia, o agronegócio exportador se
esconde por trás dos pequenos e médios produtores que demonstram o mínimo de
preocupação pelo meio ambiente e pela sociedade, de forma a ludibriar os
brasileiros. Esta farsa é difundida para confundir a opinião pública e afastar
a sociedade de um modelo de país baseado na justiça social, ambiental e
econômica.
Conseguem com isso, também, se beneficiar de todos os benefícios creditícios e fiscais concedidos pelo governo aos pequenos e médios produtores rurais. Compara-se, da mesma forma, aos industriais para beneficiar-se das isenções fiscais, assim como das facilidades creditícias a esses deferidos. Apregoa que contribui com cerca de 25% do PIB brasileiro. Mas na metodologia do IBGE, que considera somente a atividade agropecuária, essa contribuição não passa dos 5%.
O Agronegócio – termo utilizado para
modernizar a imagem do latifúndio –, na busca desenfreada pelo desenvolvimento
e pelo lucro imediato, promove uma superexploração do meio ambiente sem se
importar com as consequências, causando sérios e irreversíveis impactos
ambientais e sociais, dentre os quais se destacam:
1) O desmatamento descontrolado é o primeiro
prejuízo causado pela atividade agropecuária no Brasil. No lugar da flora,
grandes áreas desmatadas para receber gado, lavouras de soja e algodão. Biomas
ricos em biodiversidade, a exemplo do Cerrado, do Pantanal, da Mata Atlântica e
da Floresta Amazônica, estão sendo simplesmente destruídos.
2) Degradação do solo: As técnicas de cultivo
inadequadas, o uso intensivo de máquinas e a não rotatividade das culturas
levam ao esgotamento dos nutrientes, compactação, erosão e aceleração da
desertificação.
3) Esgotamento dos mananciais: As atividades
agropecuárias utilizam uma grande quantidade de água, que é retirada de
mananciais e de reservatórios subterrâneos. Esta prática está acarretando a
diminuição do volume ou até mesmo o esgotamento de rios e lençóis freáticos, o
que já é visível no cerrado e no Pantanal.
4) Contaminação do solo, ar e água,
ocasionado pelo uso intensivo e indiscriminado de agrotóxicos, fertilizantes e
antibióticos pelo agronegócio exportador. O veneno lançado nas plantações ou no
pasto espalha-se pelo ar, infiltra-se no solo, atingindo o lençol freático e
sendo levado pela água da chuva para os mananciais. Tudo isso com o objetivo de
produzir commodities, para serem exportadas in natura, ou seja, sem nenhum
beneficiamento ou industrialização. Ademais, com o uso exagerado de máquinas, a
carência de mão de obra humana é reduzida, resultando na geração de poucos
empregos e renda no País.
5) Além da degradação ambiental, que é a face
mais conhecida dos danos causados, importa salientar-se que o agronegócio
empresarial, por ser dependente de grandes extensões de terra, acarreta a
concentração fundiária, com aumento dos conflitos agrários pela posse de
terras, aumento da concentração de renda e da desigualdade no meio rural. Com
isso, provoca o êxodo rural, com evidentes prejuízos aos pequenos produtores
tradicionais, que são expulsos para a periferia das grandes cidades.
Em síntese, o agronegócio exportador
causa prejuízos irreversíveis aos biomas Cerrado, Pantanal e à Floresta
Amazônica; promove a maior concentração de terra e de renda; gera poucos
empregos e renda; traz efeitos perversos sobre a saúde humana e deixa
atrás de si um rastro de conflitos e violência.
Será
que as vantagens do agronegócio, numa perspectiva meramente econômica,
compensam todos estes impactos ambientais, sociais e econômicos negativos
gerados?
O grande desafio dos governantes é fazer com
que os empresários exportadores diminuam o ímpeto pelo lucro imediato para
atender aos apelos das agências estatais para o desenvolvimento sustentável do
agronegócio no País, de forma a causar menos prejuízos ao meio ambiente e à
sociedade. A fragilidade dos órgãos fiscalizadores, incapazes de impor sanções
severas aos que praticam crimes ambientais, também contribui para a perpetuação
das práticas maléficas.
*Geólogo, Advogado e escritor
Um comentário:
Muito bom!
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