A história nos demonstrou repetidamente que a democracia é o melhor caminho para garantir a paz, a coesão social e as oportunidades para todos
Em diferentes partes do mundo, a democracia
enfrenta um momento de grandes desafios. A erosão das instituições,
o avanço
dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores
políticos e o crescente desinteresse dos cidadãos são sintomas de um mal-estar
profundo em amplos setores da sociedade. A isso se somam as persistentes
desigualdades, o retrocesso nos direitos fundamentais, a disseminação da
desinformação e de discursos de ódio em plataformas digitais e a expansão de
redes criminosas que desafiam a legitimidade do Estado.
Diante desse cenário, não cabe o imobilismo nem o medo. Defendemos a esperança. Em um mundo cada vez mais polarizado, como líderes progressistas temos o dever de agir com convicção e responsabilidade frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições. Porque não basta evocar a democracia nem falar em seu nome: devemos fortalecê-la, renová-la e torná-la significativa para aqueles que sentem suas promessas não cumpridas. É com mais democracia que criaremos mais oportunidades para as gerações futuras, e como melhor nos adaptaremos aos desafios globais impostos pela inteligência artificial ou a mudança do clima. Resolver os problemas da democracia com mais democracia, sempre.
Esse é o princípio que convoca os governos do Chile,
Brasil, Espanha, Uruguai e Colômbia à
Reunião de Alto Nível "Democracia Sempre", a ser realizada em
Santiago no próximo dia 21 de julho.
Esse esforço compartilhado não é apenas a continuação do
encontro impulsionado pelos governos do Brasil e da Espanha durante a Assembleia
Geral das Nações Unidas no ano passado, mas dá um passo adiante.
Porque, longe de ser um gesto isolado ou simbólico, é uma iniciativa que busca
defender a democracia como um bem comum.
Sabemos que as democracias não se constroem apenas a partir
dos governos. Construir propostas conjuntas e eficazes que fortaleçam a coesão
social, a participação cidadã e a confiança nas instituições é um trabalho que
não pode se limitar a cartas de boas intenções ou recair apenas sobre os
governos de turno e seus representantes. Por isso, essa iniciativa também
convoca organizações sociais, centros de pensamento, juventudes e diversos
atores da sociedade civil, porque sua participação e ação são fundamentais para
que a democracia recupere sua capacidade transformadora.
Sabemos também que defender a democracia exige que sejamos
capazes de condenar as derivas autoritárias e, ao mesmo tempo, falar de forma
positiva, propondo reformas estruturais para enfrentar a desigualdade em nossos
países e no mundo. A história nos demonstrou repetidamente que a democracia é o
melhor caminho possível para garantir a paz e a coesão social, e as
oportunidades para todos. Impulsionar estratégias comuns em favor do
multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos
humanos é um imperativo ético e político. Porque a democracia é frágil se não
for cuidada.
Hoje nos reúne a certeza compartilhada da necessidade de
melhorar a resposta do Estado às demandas de nossos povos e governar com
eficácia, com justiça, com direitos. Com democracia, sempre. E com a convicção
de que defender a democracia nestes tempos difíceis não é apenas resistir e
proteger, mas propor e seguir avançando. Essa é a tarefa urgente do nosso tempo
Presidente da República
Gabriel Boric Font
presidente da República do Chile
Pedro Sánchez Pérez-Castejón
presidente do Governo da Espanha
Yamandú Orsi Martínez
presidente da República Oriental do Uruguai
Gustavo Petro Urrego
presidente da República da Colômbia
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