Enquanto a redução
não vem... conta da Light vai subir 12,27%
Reajuste é mais do dobro da inflação do período e considera alta de custos
Mônica Tavares
BRASÍLIA e RIO - A conta de luz dos consumidores da Light vai ficar em média
12,27% mais cara a partir de hoje. O aumento anual foi autorizado ontem pela
diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e representa mais do
dobro da inflação do período (5,56%). Os clientes residenciais (baixa tensão),
que representam mais de 90% do universo de clientes da empresa, terão reajuste
de 11,85%. O aumento para os consumidores de alta tensão (indústrias e
shoppings) chegará a 13,20%.
No ano passado, o aumento autorizado para as residências foi de 8,04%. Já o
reajuste dos consumidores de alta tensão chegou a 7,36%.
Segundo informação da Aneel, esse aumento está previsto no contrato de
concessão e nada tem a ver com a previsão de redução da tarifa anunciada pelo
governo em setembro. Nesse caso, a conta de luz poderia ficar em média 20% mais
barata a partir de fevereiro de 2013, "quando a Agência realizará uma
revisão extraordinária para todas as distribuidoras".
A Light presta serviço para 3,6 milhões de unidades consumidoras em 31
municípios da região metropolitana do Rio, incluindo a capital. Ela atende
quase 7% do mercado de consumo total de energia do Brasil.
Mas do total da conta de luz da Light, segundo especialistas e também os
diretores da Aneel, o que mais pesa no bolso do consumidor é a carga
tributária, que representa cerca de 40% do valor cobrado.
Impacto para a inflação do carioca
A empresa esclareceu que o processo de reajuste anual das tarifas está
previsto no contrato de concessão e "consiste na atualização pelo IGP-M
(que foi de 7,52%) dos custos gerenciáveis" da empresa. Do IGP-M é
subtraído o Fator X, que foi este ano de 0,48% no caso da Light. Ele é um
redutor usado para repassar para os usuários os ganhos das empresas do setor. A
Light informou ainda que os custos gerenciáveis foram responsáveis por 2,35% no
reajuste aprovado pela Aneel.
A agência, ao calcular o reajuste que a Light terá direito, também
considerou os custos com a compra de energia e com transmissão, a variação dos
custos não gerenciáveis. Outros itens são os encargos setoriais, como Conta de
Consumo de Combustível (CCC), cobrado nas contas de luz e usado para pagar o
acionamento de usinas térmicas, principalmente nos sistemas isolados no Norte
do país.
Com o reajuste autorizado de 11,25% nas contas de luz das casas dos
consumidores fluminenses a partir de hoje, a inflação no Rio vai subir 0,46
ponto percentual. No Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acompanha
nove regiões metropolitanas, o aumento fica diluído. O impacto cai para 0,06
ponto percentual. Nos últimos 12 meses, a inflação por esse indicador, que serve
de referência para o sistema de metas de inflação do governo, está em 5,56%.
- Há muito tempo não vejo um reajuste com essa magnitude, de dois dígitos. E
bem acima dos 4% dos preços administrados, que têm ajudado a controlar a
inflação - afirmou Maria Andréia Parente, economista do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea).
Fonte: O Globo
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