Governador reforça críticas ao projeto que impõe restrições a nova siglas, que tem o apoio velado do PT e PMDB
Gabriela López
SURUBIM (PE) - De olho na eleição de 2014 e na possibilidade de novos apoios, caso seja mesmo candidato a presidente, como vem sinalizando, o governador Eduardo Campos (PSB) reforçou ontem as críticas ao projeto de lei que dificulta a criação de novos partidos, que tem o apoio velado do PT e do PMDB - principais legendas da base da presidente Dilma Rousseff (PT). Após aprovação na Câmara na quarta-feira (17), a matéria - articulada por governistas do PT e PMDB - dominou o cenário político nacional. O PSB, o PSDB do senador Aécio Neves e a ex-senadora Marina Silva, que trabalha para criar sua própria legenda, a Rede Sustentabilidade, avaliam questionar a proposta na Justiça.
"A democracia pressupõe que as pessoas podem se organizar em partidos. No ano passado, o PSD, que se criou com a ajuda de muitos outros partidos, teve direitos. Eu sou favorável que se garanta, por exemplo, à Rede os mesmos direitos que foram dados ao PSD", observou Eduardo, em entrevista durante passagem por Surubim, no Agreste pernambucano, onde inaugurou obras e anunciou investimentos na convivência com a seca.
O governador demonstra simpatia pela sigla de Marina. A ex-senadora obteve 20% dos votos na eleição presidencial de 2010, empurrando a disputa para um segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). O socialista chegou a mandar uma carta para Marina, na qual disse que gostaria de abrir um canal de diálogo.
Embora tenha se referido apenas à Rede, o interesse de Eduardo pela manutenção das regras atuais passa também pela possibilidade de firmar aliança com o Mobilização Democrática (MD), criado esta semana com a fusão do PPS e do PMN. Presidente da nova legenda, o deputado Roberto Freire já fez inúmeros acenos para o governador.
O projeto aprovado impede a transferência do tempo de propaganda política no rádio e na televisão e da maior parte dos recursos do Fundo Partidário se um deputado mudar de legenda. Falta aprovação no Senado.
Aliado de Eduardo, o deputado federal Raul Henry (PMDB) fez um pronunciamento contundente contra a matéria, durante a sessão que marcou a aprovação do texto na Câmara, quarta à noite. Na mesma linha dos argumentos de Eduardo, ele sugeriu "oportunismo" do PT em defender a matéria.
"Em uma democracia de verdade, existe a possibilidade de alternância de poder, que é o que o PT está querendo barrar, através do trator em cima do partido de Marina Silva", disparou Henry. Para ele, a legenda da presidente Dilma está querendo "mudar as regras do jogo no meio do jogo".
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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