sexta-feira, 31 de maio de 2013

Aécio mira no eleitor do PT

Tucano protagoniza o programa do PSDB, no qual tenta aproximar a legenda das camadas menos favorecidas da população

Amanda Almeida, Juliana Colares

Pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2014 e presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) estreou, na noite de ontem, como protagonista do programa nacional do partido na tevê, com discurso voltado para as classes de renda mais baixa, tradicionalmente identificadas com o PT. Em 10 minutos no horário nobre da televisão, ele tentou tirar dos tucanos a pecha de que só governam para a elite, apontada em pesquisas internas da legenda, e fez ataques à gestão econômica do governo Dilma Rousseff. Em afago à ala paulista da legenda, abriu espaço para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-governador José Serra.

“Você vai conhecer o jeito do PSDB de cuidar das pessoas”, diz a narradora, no início do programa. O protagonista da peça, no entanto, não é o partido, mas o senador Aécio Neves. A forte exposição é uma tentativa de cruzar dois pontos diagnosticados em levantamentos da legenda: o tucano não é conhecido em todo o território nacional e o eleitor tende a se identificar com o candidato, e não com o partido que representa. Aécio aparece com trajes informais, com camisas para fora da calça, e sempre sem terno. Conversa com pessoas comuns e usa uma linguagem didática.

Nas inserções de 30 segundos, que estão sendo veiculadas na rede de rádio e de televisão há duas semanas, o publicitário Renato Pereira já mostrou que quer falar com as classes C e D, às quais, segundo pesquisas, o PSDB causa menos simpatia.

Em uma das cenas do programa, Aécio aparece sentado em uma roda, ao lado de pessoas comuns, explicando o que é inflação, enquanto o grupo reclama dos efeitos da alta de preços. “Perdeu-se o direito até a uma salada de tomate”, lamenta uma senhora, depois de constatar que o quilo do alimento chegou a R$ 10. O tucano responde: “A inflação penaliza quem? É quem não tem como se defender. O rico tem dinheiro quando ele aplica no título, aplica em algo que vai gerar a ele uma rentabilidade maior do que a inflação está comendo”.

Na mesma cena, Aécio diz que o Plano Real foi o maior programa de combate à inflação, enaltecendo a iniciativa do governo de FHC. O programa tem uma estética de cinema, o que lembra as produções do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff.

Bolsa Família

Em crítica ao governo federal, Aécio destaca a falta de investimento em maneiras de diminuir a dependência de beneficiários ao Bolsa Família. “Não acho que uma herança que um pai de família pode deixar para um filho é um cartão do Bolsa Família”, avalia o tucano. Na mesma linha de raciocínio, Aécio valoriza um dos pontos bem avaliados por eleitores nas pesquisas internas do partido: a qualidade da gestão dos governos do partido: “O PSDB governa hoje oito estados, governa praticamente metade da população. E, para nós, o lema fundamental é o seguinte: gastar menos com a infraestrutura do estado para gastar mais com as pessoas. Foi dessa forma que nós governamos Minas”.

O programa nacional do PSDB termina com cenas da convenção do PSDB, no último dia 18, que elegeu Aécio presidente do partido. “É o projeto de defender a democracia, a liberdade, a independência dos Poderes e a decência na vida pública”, diz José Serra. Já Fernando Henrique destaca o futuro: “Outra vez, é o momento de mudanças importantes e cabe ao PSDB olhar para a frente e ajudar essas mudanças”. Alckmin reforça a união do partido: “Estamos unidos para servir o Brasil”.

A aposta dos publicitários é que os telespectadores continuem a acompanhar o tucano no site www.conversacombrasileiros.com.br. “A eleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mostrou que é preciso ter interação. O eleitor não quer apenas receber notícia e propaganda unilateralmente, quer participar da construção do projeto político”, avalia o presidente do PSDB em Minas Gerais, Marcus Pestana.

Desculpas presidenciais

Aécio Neves lamentou ontem declaração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, de que a presidente Dilma Rousseff não deve pedir desculpas ao país pela corrida de beneficiários do Bolsa Família aos bancos, entre 18 e 19 de maio, que pode ter sido provocada por erro da Caixa Econômica Federal. Em nota, o senador diz que pedir desculpas não é humilhação, mas “um gesto de grandeza e responsabilidade”. “Como seria também repreender publicamente os membros do governo que, de forma leviana, atacaram a oposição e os que mentiram — e mantiveram a mentira — ao país sobre o episódio.”

Fonte: Correio Braziliense

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