sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Oposição não fará 3º turno, afirma presidente do TSE

• Na diplomação de seu 2º mandato, Dilma propõe pacto contra a corrupção

• PSDB, que apresentou pedido de cassação do novo mandato da petista, criticou a fala de Dias Toffoli

Severino Motta, Mariana Haubert e Daniela Lima – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Ex-advogado do PT, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), José Antonio Dias Toffoli, mandou um duro recado nesta quinta-feira (18) à oposição afirmando que a corte não irá dar guarida a tentativas de se promover um "terceiro turno" das eleições presidenciais.

A declaração, em tom enfático, foi feita em seu discurso no encerramento da solenidade de diplomação da presidente Dilma Rousseff, que estava sentada ao seu lado e o cumprimentou.

Segundo Toffoli, as eleições são uma página virada e esta é posição dos membros da corte e do próprio corregedor Eleitoral, ministro João Otávio Noronha.

"Eleições concluídas são, para o Poder Judiciário Eleitoral, uma página virada. Não haverá terceiro turno na Justiça Eleitoral. Que os especuladores se calem. Não há espaço. Já conversei com a corte e é esta a posição inclusive de nosso corregedor-geral eleitoral. Não há espaço para terceiro turno que possa vir a cassar o voto destes 54.501.118 eleitores", disse.

Nesta quinta, o PSDB ingressou no TSE com pedido de cassação do novo mandato da petista sob a acusação de que a campanha usou dinheiro desviado da Petrobras.

O discurso dos tucanos se baseia em trechos já divulgados de depoimentos colhidos no escopo da Operação Lava Jato, que investiga um grande esquema de corrupção na Petrobras. Os tucanos dizem esperar a cassação do diploma de Dilma e a "consequente" posse de Aécio Neves.

Toffoli foi indicado em 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.

A oposição criticou a fala do presidente do TSE.
"Ele já encontrou uma forma de pagar o débito que tem com o PT por ter ido para o Supremo. Isso não é fala de juiz, juiz toma decisão na corte", disse o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.

"Mas espero que com isso ele passe a considerar quitada sua dívida com o partido, para agir de forma condizente com o dever de um magistrado", acrescentou.

Durante o seu discurso na solenidade, Dilma disse que saber vencer é mais difícil do que saber perder.

"Cabe a quem foi escolhido para governar, governar bem. Cabe a quem foi escolhido para ser oposição, atuar da melhor forma possível seu papel. Mais importante e mais difícil do que saber perder, é saber vencer", disse.

Mudança
Ainda em sua fala, Dilma mudou o tom em relação às denúncias de irregularidades na Petrobras. Para a presidente, que vinha defendendo a apuração das denúncias, mas sem entrar no mérito sobre elas, "alguns funcionários da Petrobras [...] foram atingidos no processo de combate à corrupção".

"Estamos enfrentando essa situação com destemor e vamos converter a renovação da Petrobras em energia renovadora para o nosso país".

Segundo a petista, será preciso "saber apurar e saber punir". "Temos que apurar com rigor tudo de errado que foi feito. Temos que criar, principalmente, mecanismos que evitem que fatos como esses possam novamente se repetir. Temos que saber apurar e saber punir", afirmou.

Pacto nacional
Ela defendeu ainda um pacto nacional para se chegar a resultados concretos. "Chegou a hora do Brasil dar um basta a este crime que ainda insiste em corroer nossas entranhas", disse.

"Não vão ser o emocionalismo nem tampouco a caça às bruxas que irão fazer isso. Muito menos, a complacência, a ingenuidade ou o conformismo. Chegou a hora de firmarmos um grande pacto nacional contra a corrupção, envolvendo todas as esferas de poder. Esse pacto vai desaguar na grande reforma política que o Brasil precisa promover", acrescentou.

Dilma prometeu ainda para o seu discurso de posse, no dia 1º de janeiro, detalhes das medidas que pretende adotar em seu segundo governo para garantir mais desenvolvimento econômico e progresso social.

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