sexta-feira, 17 de abril de 2015

Presidente distribui cargos para afagar aliados insatisfeitos

• Renan Calheiros, que teve um apadrinhado demitido do Turismo, manterá indicado no comando da ANTT

• Temer também fechou acordo para entregar postos do segundo escalão a apoiadores do governo na Câmara

Andréia Sadi, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - No mesmo dia em que demitiu o aliado de Renan Calheiros (PMDB-AL) do Ministério do Turismo para abrigar Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Dilma Rousseff já buscou compensar, pelo menos em parte, o presidente do Senado e confirmou na diretoria-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) seu indicado, Jorge Bastos.

A costura foi feita pelo vice-presidente Michel Temer. O peemedebista, escalado por Dilma como novo articulador político do governo, acelerou nesta semana as negociações do segundo escalão envolvendo a base aliada.

Diante da notícia de demissão iminente de Vinicius Lages do Turismo, Calheiros se irritou e criou um impasse para o governo, atrasando a nomeação de Alves. Para acalmá-lo, o Planalto ofereceu cargos para seu afilhado, mas Calheiros recusou os convites e o alojou na chefia de seu gabinete no Senado.

O senador, segundo aliados, não queria que atribuíssem a ele qualquer nova indicação para postos no governo, já que assumiu campanha a favor de que a presidente enxugue a máquina pública.

Apesar do discurso, no entanto, integrantes do governo relatam que havia uma lista de pendências do presidente do Senado acertada desde dezembro com sugestões de nomes para o governo.

Um dos pedidos de Renan era exatamente manter Jorge Bastos no comando da ANTT. Ele vinha ocupando a diretoria-geral interinamente.

A presidente, contudo, queria nomear técnicos para diretorias vagas da agência e indicar um deles para sua direção. Acabou recuando e mudando de ideia para agradar Renan.

Além da ANTT, a bancada do PMDB no Senado será contemplada com uma indicação na Anvisa e mais dois cargos no segundo escalão ainda não definidos.

Temer também fechou acordo para distribuição de cargos estaduais a aliados na Câmara dos Deputados. Serão contempladas bancadas de diferentes partidos aliados ao governo de Estados como Goiás, Piauí e Sergipe.

Os cargos, de acordo com assessores palacianos, são postos em superintendências como Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) e Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca). No plano nacional, o PTB ficará com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Esta é a primeira ""leva"" de cargos do segundo escalão liberados por Dilma no segundo mandato. A demora na negociação é uma das principais irritações de parlamentares com o Planalto. Na semana passada, Temer e o ex-presidente Luiz inácio Lula da Silva discutiram o assunto.

Desprestígio
Nem Renan e nem Eduardo Cunha apareceram na posse de Henrique Eduardo Alves no Planalto.

O primeiro tem demonstrado insatisfação com a saída de Vinícius Lages. Já Cunha avaliou com aliados que não cairia bem a foto ao lado de Dilma no Palácio do Planalto quando ele é o autor do projeto que restringe a 20 o número de ministérios --hoje a máquina federal conta com 38. (Colaboraram Flávia Foreque e Ranier Bragon, de Brasília)

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