Valdo Cruz, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Diante de uma investida de última hora do ex-presidente Lula sobre senadores que prometeram votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o presidente interino, Michel Temer, entrou em campo para evitar que o petista tenha sucesso na sua estratégia derradeira.
Temer fez questão de entrar em contato com os senadores do Maranhão que foram procurados por Lula neste fim de semana e ouviu deles que vão manter seus votos a favor do afastamento de Dilma Rousseff. O peemedebista conversou diretamente com os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Roberto Rocha (PSB-MA) para garantir que eles não vão mudar de voto de última hora.
Lobão explicou a Temer que, como ex-ministro de Lula, não poderia deixar de atender o pedido do ex-presidente para conversar. Mas garantiu ao presidente interino que seu voto segue definido pelo impeachment. Roberto Rocha também garantiu ao Planalto que não mudará de posição.
Já o senador João Alberto (PMDB-MA) garantiu ao governo que estava no seu Estado e não chegou a conversar com Lula. O senador maranhense mudou de lado na última votação e passou a votar a favor da saída de Dilma. Por isto, virou alvo de petistas para mudar de lado novamente.
João Alberto avisou o presidente Michel Temer, porém, que segue disposto a votar a favor da saída de Dilma Rousseff.
O governo interino também não acredita que o ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL) votará contra o afastamento definitivo da petista, apesar dele ter se reunido com ela na última sexta-feira (26) no Palácio do Alvorada.
Temer assiste no Palácio do Jaburu acompanhado de assessores e auxiliares à participação da presidente afastada no Senado Federal.
Na tentativa de passar a mensagem pública de que o governo interino não está preocupado e não está paralisado com o processo de impeachment, ele receberá no início da tarde medalhistas olímpicos, no Palácio do Planalto.
Ele, no entanto, adiou cerimônia marcada para as 16h para ratificação do acordo climático de Paris. Ela foi remarcada para 12 de setembro, mesmo dia que deve ser realizada votação no plenário da Câmara dos Deputados da cassação do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
No Palácio do Planalto, a avaliação neste início de segunda-feira (29), quando a presidente afastada, Dilma Rousseff, já está falando no plenário do Senado, é que o impeachment será aprovado com o voto de pelo menos 60 senadores, podendo chegar a 61, caso o presidente da Casa, Renan Calheiros, decida votar nesta última etapa do processo.
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