Ao menos na economia o ano de 2017 começou com boas notícias.
Enfim o Banco Central decidiu acelerar a redução da taxa de juros; surgem sinais de que o pior já passou em relação ao desemprego.
O corte na Selic (taxa básica de juros), de 13,75% para 13%, acompanha a redução das pressões inflacionárias. Considera-se possível que o IPCA se aproxime do centro da meta (4,5%) neste ano, ao passo que ganham força projeções de juros de um dígito até dezembro.
Trata-se de condição fundamental para que o país possa vislumbrar algum crescimento do PIB ainda em 2017. O arrocho de crédito foi uma das principais causas de agravamento da recessão. Juros mais baixos ajudam a diminuir a inadimplência, e bancos tendem a voltar a emprestar dinheiro.
É sintomático que os maiores banqueiros do país demonstrem otimismo alguns tons acima do que sugeriria o protocolo.
Quanto ao mercado de trabalho, não se espera grande alívio no curto prazo. Mesmo assim, registre-se que em dezembro o país gerou empregos formais, algo que não ocorria desde setembro de 2014.
Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), embora ao longo de 2016 tenham sido perdidos 1,32 milhão de empregos, foram criadas 40 mil vagas no último mês do ano (descontados efeitos sazonais).
Como os dados mensais são voláteis, deve-se recebê-los com ceticismo, mas não se descarta a possibilidade de que sinalizem uma mudança, ainda que gradual.
Tudo somado, as projeções para o PIB neste ano ainda são baixas: a média dos analistas calcula alta de apenas 0,5%. Embutem, porém, uma retomada paulatina, que pode chegar a 2% quando medida em relação ao final de 2016. Caso se confirme essa trajetória, o cenário para 2018 pode ser mais positivo do que hoje se supõe.
Muito fatores, porém, ainda são incertos. Cumpre avançar com o plano de reformas, sobretudo a da Previdência, a fim de reforçar a confiança na estabilização da dívida e manter controlados os juros e as expectativas relativas à inflação. Ademais, não se pode deixar de lado a agenda de aperfeiçoamentos nas áreas trabalhista e tributária.
Os próximos meses, além disso, serão críticos para o governo de Michel Temer (PMDB), que navega entre a impopularidade, a Lava Jato e o processo de cassação no Tribunal Superior Eleitoral.
Diante de sua fragilidade, o presidente adotou um ímpeto reformista como estratégia de legitimação. Por enquanto, o equilíbrio tem permitido a retomada da confiança e um lento ganho de credibilidade na tarefa principal de restaurar as finanças públicas, a ponto de ser plausível que a economia mostre algum vigor ao longo do ano.
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