- Valor Econômico
Frustrados os convites do PSB a Ayres e Joaquim
Discretamente, como convém a quem ainda não tem candidato oficial a presidente da República e não precisa emparelhar-se aos demais nos lançamentos que se movimentam pelo país, o PSB está levando adiante a decisão de fortalecer o partido nos Estados, em especial os da região Sudeste. Porque estão ali os votos da maioria do eleitorado. Já foram tomadas inúmeras iniciativas e, a próxima, será dia 27 de setembro, quando vai filiar o ex-ministro, ex-presidente da Câmara e ex-histórico integrante do PCdoB, Aldo Rebelo. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, fechou acordo com Aldo, em um jantar, na semana passada, e ficou marcada a reunião de filiação junto à Executiva Nacional, em Brasília, realizando-se a seguir atos políticos em São Paulo, domicilio eleitoral do novo filiado, e Alagoas, seu Estado natal.
Siqueira faz questão de dizer que Aldo não impôs condições, tais como direito à candidatura a qualquer cargo, e lhe disse que se filia ao PSB para construírem, juntos, "os embates que o partido vai ter que enfrentar a partir de agora". Na verdade, Aldo Rebelo e PSB é uma união mais do que esperada: amigo do presidente do partido, Carlos Siqueira, ele formou dobradinha com Eduardo Campos nos governos petistas, em que ambos foram ministros, tinha uma relação filial com Miguel Arraes e, segundo comentou entre suas razões, "passaram por muita coisa juntos".
Ele se relaciona bem com Márcio França, candidato do PSB ao governo de São Paulo, e, segundo Siqueira, já entra como uma personalidade nacional do partido a reforçá-lo no maior colégio eleitoral do país. Ainda no Estado, o PSB tem Jonas Donizetti, prefeito de Campinas, o jovem prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa (Guti), além de outras lideranças intermediárias.
"Precisamos, nas eleições de 2018, avançar muito na região Sudeste, pela concentração do eleitorado. Se somarmos São Paulo, Minas e Rio, temos mais de 60% eleitorado nacional. O partido que pretende ter projeto nacional precisa estar forte nessa região", afirma Carlos Siqueira.
Em Minas Gerais, o PSB já lançou a candidatura de Marcio Lacerda, ex-prefeito, ao governo do Estado, e no momento trabalha uma coligação que o fortaleça na disputa. Minas está sendo um campo a ser explorado porque os partidos consideram que ali se fechou um ciclo, o do PSDB e do PT, que não têm mais candidato natural ao cargo. Lacerda foi eleito e reeleito prefeito, no primeiro turno, contra forças políticas poderosas.
Estão definidas as candidaturas de reeleição, nos governos do Distrito Federal e Pernambuco. O prefeito de Palmas, no Tocantins, é uma aposta do PSB que para lá foi anteontem para turbinar sua candidatura ao governo do Estado. Na Paraíba, o governador Ricardo Coutinho está terminando o segundo mandato e o partido o estimula a lançar candidatura própria com seu apoio. E em Sergipe, completa-se a perspectiva no Nordeste com a candidatura Antonio Carlos Valadares, que já aparece bem nas pesquisas depois de ter sido governador há alguns anos.
"Mas e o principal, a candidatura presidencial? o PSB vem de dois movimentos fortes nesse sentido. Fez convite aos ex-ministros do STF, Carlos Ayres Britto e Joaquim Barbosa. Ayres Britto pensou e não aceitou o convite, já deu resposta ao partido; e Joaquim Barbosa ainda não respondeu oficialmente mas o PSB intui que ele vai recusar.
Nesse meio tempo, porém, o PSB modificou seu cronograma para escolha de candidatos. Até recentemente, quando falou com esses ex-ministros do STF, o PSB pensava fazer um Congresso Nacional em outubro deste ano, de 12 a 14. Desde a semana passada, Siqueira vem conversando com os governadores do partido e decidiram propor ao Diretório Nacional a prorrogação do mandato da atual Executiva e fazer o Congresso só em março. A razão, segundo Carlos Siqueira, é que o panorama nacional é de absoluta incerteza, há um vendaval político, uma grande pulverização partidária e uma reforma política que não se sabe como ficarão as regras. "Não seria prudente tomar as decisões a respeito de 2018 num Congresso, o fórum mais apropriado do partido e mais democrático, em outubro deste ano".
Além de Ayres e Barbosa, o PSB já conversou sobre sucessão com Geraldo Alckmin e vai conversar com Ciro Gomes e Marina Silva. "Caso não tenhamos candidatura própria, precisamos discutir com as forças que têm algum nível de aproximação com o PSB". Se, de agora até março, não surgir o nome nacional capaz de ajudar as candidaturas a governador, deputado, senador, o PSB sente-se confortável para dar a ordem de fortalecimento dos projetos estaduais, o que também é um bom projeto.
Alto Comando
A medida da inquietação dos militares não deve tomada pelas declarações políticas do general quase de pijama Antonio Hamilton Martins Mourão. Hoje isso não é mais tabu e, do comandante à sua equipe de assessores, fala-se sobre política naturalmente. Do general Mourão pode-se dizer que foi apenas um reiterado ato de indisciplina que sequer causou frisson entre os oficiais. O QG sabe que seu atual comando não tem medo de falar de política tanto quanto tem a coragem de dizer com clareza, em palestras, audiências no Congresso e discursos, que s Forças Armadas estão e ficarão longe dela. Até os movimentos de Jair Bolsonaro, candidato a presidente em périplo pelo Brasil, considerado um candidato do agrado do Exército, são vistos, no generalato, como uma "caricatura".
A medida da inquietação dos militares deve ser tomada, sim, por sua profunda decepção com as GLOs (Operações de Garantia da Lei e da Ordem), uma insatisfação que já não escondem, e não é só com a do Rio de Janeiro ou uma queixa dos problemas decorrentes da falta de verbas. É isso, também, mas sobre essa operações os questionamentos vão além: 1- A operação é decidida em cima da hora, sem planejamento; 2- Os soldados são sempre culpados de tudo o que dá errado porque atuam na improvisação enquanto quem vão combater planejou muito bem sua ação; 3- O que devia estar em discussão é uma política de GLO preventiva; 4- Não há organização para manter a ordem depois que saem das áreas que foram proteger; 5- Militares são força de defesa, não auxiliares da polícia, e avaliam que o modelo adotado até agora precisa ser revisto porque não deu nada certo.
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