Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o Brasil e os outros países do mundo demandam uma renovação de seus quadros políticos. Ao analisar o cenário nacional, o tucano afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "se matou politicamente". Ao explicar depois a declaração, afirmou que o petista representava a esperança quando foi eleito em 2002, mas decepcionou.
FHC, no entanto, não especificou se a decepção tinha relação com a administração petista ou os escândalos de corrupção que envolvem Lula, condenado em primeira instância por corrupção e lavagem no âmbito da Lava-Jato. "Se matou no sentido político. Não correspondeu à esperança que se depositava nele", afirmou o tucano, a despeito da liderança de Lula nas recentes pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2018.
Ao lado do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), FHC participou de um seminário, na capital paulista, no instituto que leva seu nome. O tucano afirmou que o processo eleitoral do ano que vem será um "grande desafio" ao país. "É preciso renovar a mensagem e a convicção", disse o tucano, acrescentando que as novas lideranças precisam encontrar um meio de se nacionalizarem.
Tanto o senador quanto o ex-presidente apontaram a educação como o melhor caminho para o Brasil reduzir as desigualdades sociais, ampliar o acesso da população à saúde e enfrentar um quadro de violência nas principais capitais do país. Ao abordar essa questão, FHC discordou da ideia de que a saúde, conforme pesquisas com os brasileiros, representa o maior problema nacional na atualidade.
"Não é verdade. Eu uso o SUS. Não é nada ruim", ressaltou o ex-presidente. Na rápida entrevista que deu, esclareceu que realmente usa o sistema público na condição de paciente. Além disso, o tucano manifestou preocupação com a possibilidade de o discurso de combate à violência ser apropriado por candidatos radicais em 2018. Ao tratar do assunto, contudo, não personificou.
Primeiro a discursar, Cristovam disse que falta ao país um "sentimento nacional". "A raiva tomou conta de tudo. O corporativismo é como os brasileiros raciocinam hoje", disse ao manifestar preocupação com a divisão entre "grupos e seitas". "Talvez, a ira seja a principal musa do processo eleitoral que se avizinha. É algo que não combina com eleição".
A mudança de rumo, segundo o parlamentar, passa pela universalização do ensino. "O vetor da construção de um Brasil diferente é um sistema educacional que faça com que nossas escolas estejam nos melhores padrões e que não haja diferença entre a educação oferecida a ricos e pobres", afirmou; Cristovam busca o apoio de seu partido, o PPS, para concorrer novamente à Presidência. Ele disputou o cargo em 2006. Na ocasião, a educação já tinha sido o principal mote de sua campanha. "Violência e saúde são necessidades imediatas. Mas educação é que muda os rumos de um país", declarou.
Os governantes, conforme Cristovam, também deve dar o exemplo para população. O próximo presidente, argumentou, deve concentrar os esforços em acabar com mordomias e privilégios, além de "quebrar a impunidade".
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