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A nota leviana de ex-chefes de governos a favor de Lula
O que leva seis ex-chefes socialistas de Estado da Itália, Bélgica, França e Espanha a assinarem uma nota onde pedem que Lula possa ser candidato a presidente nas próximas eleições apesar de condenado a 12 anos e um mês de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro?
Solidariedade a um suposto companheiro de ideias? Revolta diante de uma decisão judicial repleta de defeitos e repudiada por entidades e fóruns internacionais defensores dos direitos humanos? Sentimento de culpa por erros do passado cometidos pelos governos dos seus próprios países?
Eles se limitam a classificar de “apressada” a prisão de Lula e de “preocupação séria” o impeachment de Dilma. E ensinam que o combate à corrupção não justifica “uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes”.
Menos mal que não tenham considerado “injusta” a prisão de Lula, apenas “apressada”. Quer dizer: se ela tivesse demorado mais um pouco, apressada não teria sido. Menos mal também que não tenham chamado o impeachment de Dilma de “golpe”, como o chama o PT e seus aliados.
É fato que nenhum governo do mundo, salvo os de países como a Venezuela, Cuba e mais dois ou três do mesmo naipe, protestou contra a prisão de Lula e a queda de Dilma. Tampouco assembleias de países, parlamentos ou associações de juristas.
E o que os seis ex-chefes socialistas de Estados europeus alegaram para sair em defesa de Lula e de Dilma? De Lula, que ele foi “incansável arquiteto da redução das desigualdades no Brasil” e “defensor dos pobres”. De Dilma, que a “integridade” dela “nunca foi questionada”.
Lula não foi o único “incansável arquiteto” da redução das desigualdades por aqui. Ela começou a acontecer antes dele, e tomara que continue. Também por isso não foi o único “defensor dos pobres”. Por sinal, os que saíram da pobreza com ele à pobreza retornaram com Dilma.
E onde está escrito que um “defensor de pobres” não pode ser condenado, preso e impedido de se candidatar? Se afinal condenado pela Justiça francesa, o ex-presidente Nicolas Sarkozi poderá ser preso. A Operação Mãos Limpas acabou com a carreira de centenas de políticos italianos.
Quanto a afirmar que a “integridade” de Dilma “nunca foi questionada”, é mais um equívoco de quem estava obrigado a não se equivocar. Dilma deve explicações à Justiça, sim, e elas lhe serão cobradas em breve. Se não roubou diretamente, deixou que roubassem. E beneficiou-se do roubo.
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