- Folha de S. Paulo
Com más notícias na economia, Planalto volta a focar segurança pública
A prostração da economia obrigará a equipe econômica a rever, na próxima semana, a previsão oficial de crescimento do PIB neste ano de 3% para algo próximo de 2,5%. Os dados sombrios de desemprego e o desalento recorde, a inquietação no mercado financeiro com a escalada do dólar e os sinais trocados emitidos pelo Banco Central na condução da política monetária anuviaram mais o cenário de incertezas nos últimos dias.
Diante do quadro —e em meio a chacotas sobre o slogan com/sem vírgula do biênio da “pinguela”—, o governo Michel Temer camufla-se novamente no tema da segurança pública. O Palácio do Planalto prepara a sanção do projeto de lei do Susp (o SUS da segurança pública), o que pode ocorrer de forma expressa já na semana que vem a pedido do ministro da área, Raul Jungmann.
A proposta de integrar num sistema único órgãos de segurança, como as polícias Federal e estaduais, secretarias de segurança e guardas municipais, foi pensada por especialistas ainda sob Lula 1, mas deixada de lado. Ganhou empuxo após a intervenção federal no Rio de Janeiro e a criação do Ministério da Segurança Pública, que tocará a nova gestão unificada com recursos de loterias.
Na quinta (17), a pasta fez um test drive da estratégia ao conduzir uma megaoperação policial de combate à pornografia infantil em 25 unidades da federação e com 251 pessoas presas. Num discurso hiperbólico, Jungmann classificou a iniciativa como a maior ação integrada de polícia judiciária do país e a maior operação de combate a crimes contra crianças no mundo.
O Brasil é um dos países mais violentos do planeta, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), registrando 31,3 mil homicídios a cada 100 mil habitantes, enquanto a média global é de 6,4 mil.
A mudança para um modelo aparentemente mais funcional sugere avanço. Desde que não se limite a plataforma eleitoreira de um grupo político nem venha a ser descartada por um novo governo de plantão.
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