Presidente do partido, Gleisi Hoffmann sofre pressão de outros líderes para lançar ‘plano B’ nas eleições
Ricardo Galhardo | O Estado de S.Paulo
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, convocou uma reunião com os cinco governadores petistas para a semana que vem, em Brasília, com o objetivo de estancar o movimento a favor de um plano “B” na eleição presidencial.
Na quinta-feira, 17, pouco depois de visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, Gleisi telefonou para quatro dos cinco governadores petistas que estavam no Recife para uma reunião e mandou um recado direto do ex-presidente: Lula continua candidato.
Segundo fontes do PT, Fernando Pimentel (Minas Gerais), Tião Vianna (Acre), Rui Costa (Bahia) e Wellington Dias (Piauí) receberam o recado de Lula enviado por Gleisi. Camilo Santana (Ceará) também já foi comunicado sobre o posicionamento do ex-presidente.
A movimentação de Gleisi é uma reação à entrevista de Santana ao Estado na qual ele diz que o PT não pode “apostar no isolamento suicida” e deveria apoiar Ciro Gomes (PDT).
Nas últimas semanas, governadores petistas têm se movimentado no sentido contrário ao da direção partidária defendendo que o PT coloque em prática o quanto antes um plano “B” na eleição presidencial, sob o risco de ficar isolado no processo eleitoral e ver minguar tanto as bancadas no Congresso quanto o número de Estados governados pela legenda.
O movimento dos governadores conta com apoio de outras lideranças petistas que acusam, em conversas privadas, a direção de interditar o debate interno sobre cenários eleitorais sem Lula. A entrevista de Santana ao Estado explicitou este movimento.
Na reunião dos governadores petistas, nesta sexta-feira, 18, no Recife, um dos cotados para ser o substituto de Lula na disputa presidencial, o ex-ministro Jaques Wagner, descartou de maneira cabal a pessoas próximas a possibilidade de ser o plano “B”. Segundo fontes, ele disse que não aceitaria a candidatura presidencial nem se recebesse um pedido direto de Lula.
Wagner, que não gostou de ser advertido por Gleisi quando defendeu publicamente que, sem Lula, o partido deveria apoiar Ciro, tem dito que a cúpula petista já se decidiu pelo nome de Fernando Haddad como opção eleitoral caso o ex-presidente, condenado e preso pela Lava Jato, seja barrado ela Justiça com base na Lei da Ficha Limpa.
Wagner afirmou a interlocutores que, para a direção do PT, o plano agora é “H”, de Fernando Haddad. O ex-governador da Bahia embasa sua tese no fato de Gleisi ter levado o ex-prefeito, coordenador do programa de governo do PT, para visitar o ex-presidente em Curitiba por ordem do próprio Lula.
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