- Folha de S. Paulo
Ainda é cedo para dizer se onda a favor do candidato vai refluir até a eleição
A penúltima semana da corrida presidencial começou com um soluço inédito da candidatura de Jair Bolsonaro. O novo levantamento do Ibope mostrou o deputado ainda na liderança, mas estacionado pela primeira vez desde o início oficial da campanha e com rejeição em alta.
Embora o retrato seja insuficiente para apontar os rumos da reta final da eleição, os números destacam vestígios de uma resistência ao deputado depois de sua disparada.
Bolsonaro sustentou 28% dos votos, mas viu subir para 46% o percentual de eleitores que dizem não votar nele. Os indícios mais perigosos para o candidato, porém, são projeções de segundo turno que sugerem um fluxo contrário a seu nome.
O candidato do PSL estava tecnicamente empatado com seus principais opositores nessas simulações. Agora, perde para Ciro Gomes (PDT) por 11 pontos, para Fernando Haddad (PT) por 6 e para Geraldo Alckmin(PSDB) por 5. Empata apenas com Marina Silva (Rede).
É cedo para dizer se a onda de Bolsonaro foi prematura demais, a ponto de provocar uma reação contrária igualmente vigorosa. É preciso saber se os ventos voltarão a soprar com força —e em qual direção.
De todo modo, Bolsonaro parece ter cristalizado uma fatia significativa de eleitores em torno de sua campanha. Ainda não há sinais de que eles pretendem abandoná-lo.
A provável explicação para o retrato exibido pelo Ibope é a formação de mobilizações contrárias ao candidato do PSL e a sucessão de ataques a ele na propaganda eleitoral.
A dura campanha de Alckmin contra o deputado não fez o tucano crescer, mas pode ter travado o crescimento do adversário. Quem se beneficia, por enquanto, é Haddad —que continua crescendo e chegou a 22%.
Nos últimos dias, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) flertou com Bolsonaro e afirmou que os ataques ao candidato do PSL eram um erro. Semanas antes, Alckmin havia dito que faria “o possível” para evitar a vitória do rival. Parece que o paulista assumiu o papel de kamikaze.
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