segunda-feira, 9 de março de 2020

Mulheres fazem História nas ruas do Chile

Chile tem a maior marcha feminina em ato no Dia Internacional da Mulher

- O Globo

A maior manifestação feminina da História do Chile reuniu dois milhões de pessoas ontem em Santiago, no Dia Internacional da Mulher.

A data foi marcada por protestos no Brasil e no mundo.

Uma multidão estimada em 2 milhões de pessoas, de acordo com os organizadores, tomou as ruas de Santiago ontem numa manifestação histórica, que marcou o Dia Internacional da Mulher. A maior marcha de mulheres da história do Chile se concentrou na Praça Itália, centro da capital do país e símbolo dos protestos que há quatro meses pressionam o governo do direitista Sebas tiánPiñ era ejá conseguiram mudanças práticas, como a convocação de um referendo sobre a elaboração de uma nova Carta Magna. A atual foi elaborada ainda na ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O protesto transcorreu de forma pacífica, com alguns incidentes isolados. Segundo os carabineiros (políciais chilenos), 19 agentes ficaram feridos e 16 pessoas foram presas. Longe dos confrontos, muitas manifestantes portavam lenços verdes, marca registrada do movimento em defesa da legalização do aborto, além de cartaz espedindo ações do governo e da sociedade para enfrentara violência contra as mulheres. O hino contra a opressão machista, "O estuprador é você", surgido em manifestações no final do ano passado, foi executado até mesmo diante do Palácio de La Moneda, sede da Presidência.

— Somos uma geração de mulheres que gritou e acordou. Não temos mais medo, nos atrevemos afala relutar— disse Valentina Navarro, de 21 anos, à Reuters.

Desde o início dos protestos no Chile, no ano passado, surgiram centenas de denúncias de abuso sexual cometidos contra manifestantes, especialmente por forças de segurança. Em resposta, feministas chilenas passaram a convocara toscada vez mais frequentes e numerosos, como forma de pressão sobre as autoridades. O surgimento de "O estuprador é você", replicado nas ruas de vários países e até por deputadas do Parlamento da Turquia, deu ainda mais visibilidade ao movimento. Segundo números oficiais, sete mulheres foram mortas em 2020 e mais de 60 em 2019.

CONTRA O FEMINICÍDIO
Além da marcha, foi convocada um agre vedas mulheres, que começou a ser observada ontem e segue até o final desta segunda-feira.

— Hoje (ontem) damos início a um ano de mobilizações, revolta, onde o feminismo será protagonista —disse Javiera Manzim, representante do Coord in adora 8M, responsável pelo ato deste domingo. Ela ressaltou que outro foco das açõe sé a defesa deu mamai or participação feminina na política. Na semana passada, o Congresso aprovou um mecanismo para garantira paridade entre homens e mulheres em uma eventual Assembleia Constituinte.

O Dia Internacional da Mulher também foi marcado por manifestações em várias cidades ao redor do mundo. No Rio e São Paulo foram organizadas marchas nas quais foi lembrada a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018. Na Cidade do México, o foco das ações foi o aumento no número de casos de feminicídio — estima-se que sejam 10 todos os dias. As manifestantes escreveram o nome de 3 mil mulheres mortas desde 2016 na frente do Palácio Nacional, sede do Executivo mexicano.

Na Argentina, o maior protesto foi marca dopara esta segunda-feira, e o tema principal promete ser a legalização do aborto. O presidente Alberto Fernández vai enviar um projeto de lei sobre o tema para o Congresso e há oposição de alguns setores da sociedade, como a Igreja. Em um dos atos deste domingo, um grupo se reuniu diante da Catedral de Buenos Aires para um panelaço. Já em Luján, a cerca de 68 km da capital argentina, o bispo da cidade realizou uma missa contra o aborto, acompanhada por centenas de pessoas. O lema do evento foi "Sim às mulheres, sim à vida".

IMPACTO DO CORONAVÍRUS
Na Europa, os atos foram esvaziados por causa do coronavírus, mas levaram algumas milhares de pessoas às ruas. No maior deles, em Madri, o repúdio à violência contra a mulher foi o principal tema: um dos cartazes levados pelas manifestante dizia que “o machismo mata mais do que o coronavírus”.

Depois um estupro coletivo ocorrido em Pamplona, em 2016, o movimento feminista ganhou força no país, colocando o governo contra a parede para aprovar medidas mais duras contra os abusadores. Uma delas foi apresentada em janeiro, um projeto que muda alei sobre casos de abuso, estabelecendo que qualquer forma de contato sexual não-consentido será considerada estupro. O projeto enfrenta oposição do partido Vox, de extrema direita, que vê a proposta como uma forma de “discriminação contra os homens”.

Também por causa do coronavírus, atos na Coreia do Sul acabaram cancelados. Nas Filipinas, o alvo dos protestos foi o presidente Rodrigo Duterte, conhecido por seus comentários pouco protocolares sobre as mulheres. Uma efígie dele foi queimada.

No Paquistão, pequenos grupos foram às ruas pedir mais direitos, mais segurança contra abusos e o fim de regras relacionadas a “códigos de honra”. No Quirguistão, participantes de um ato contra a violência de gênero foram atacadas e presas. As autoridades disseram que elas foram detidas “para a própria segurança” e que a manifestação não foi informada com antecedência .

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