“Talvez
seja útil distinguir “praticamente” entre a filosofia e o senso comum, para
melhor indicar a passagem de um momento para o outro. Na filosofia, destacam-se
notadamente as características de elaboração individual do pensamento; no senso
comum, ao contrário, destacam-se as características difusas e dispersas de um
pensamento genérico de uma certa época em um certo ambiente popular. Mas toda
filosofia tende a se tornar senso comum de um ambiente, ainda que restrito (de
todos os intelectuais). Trata-se, portanto, de elaborar uma filosofia que —
tendo já uma difusão ou possibilidade de difusão, pois ligada a vida pratica e
implícita nela — se torne um senso comum renovado com a coerência e o vigor das
filosofias individuais.
E isto não pode ocorrer se não se sente,
permanentemente, a exigência do contato cultural com os “simples”.”
*Antonio Gramsci, Cadernos do Cárcere, v. 1, p. 100, 4ª Edição. Editora Civilização Brasileira, 2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário