Folha de S. Paulo
Único remédio eficaz é o afastamento
definitivo
Bolsonaro e seus fâmulos armaram em Nova
York um picadeiro de fazer inveja a P. T. Barnum (1810-1891), a quem é
atribuída uma frase que sintetiza o mundo dos espetáculos: "Nasce um
otário por minuto". Em seus circos, o empresário explorava anões, mulheres
barbadas, irmãos siameses e o famoso elefante Jumbo. O presidente levou em sua
comitiva ministros que deixam a cueca à mostra, dão
o dedo do meio e fazem arminha e um filho que, entrevistado na TV,
chamou o prefeito da maior cidade americana de "marxista".
Barnum se autointitulava King of Humbug —algo como Rei da Cascata ou da Trapaça. Bolsonaro quer roubar-lhe a coroa. Nas preliminares do discurso na ONU, encenou o conto do homem simplório. Comeu pizza no meio da rua e pediu picanha bem passada (burp!) na churrascaria, reprisando a farsa doméstica de se lambuzar com leite condensado no café da manhã. O prato custa US$ 50, por cabeça, mais que o auxílio emergencial.
Único chefe de Estado na reunião do G20 a
se vangloriar por não ter tomado a vacina, sua fala resumiu em 13 minutos as
mentiras que os brasileiros estamos cansados de ouvir. Em alguns trechos, ao
comparar o cristianismo e a família tradicional aos pilares da sociedade,
mostrou que está andando para o Brasil. Só pensa na reeleição. O destino do
projeto que enviou ao Congresso fragilizando o combate a fake news é o que mais
lhe interessa no momento.
No entanto, a temporada no estrangeiro
revelou duas boas propostas para o país. A primeira com a visão da funcionária
da ONU encarregada de desinfetar o pódio no qual discursaram os governantes,
vacinados ou não. A segunda com a soberba do ministro da Saúde, Marcelo
Queiroga, que, deixando o nariz fora da máscara, contraiu o vírus e terá de
ficar isolado em Nova York.
Ante a demora do impeachment de Bolsonaro,
encontrou-se a solução: desinfetá-lo e isolá-lo. Não por cinco dias e sim de
maneira definitiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário