O Globo
Ainda que tenha recebido uma herança
maldita de Bolsonaro, é fato que Lula começou mal na economia. Seu discurso de
posse foi repleto de ideias ruins na área e ele apenas enfraqueceu o seu
governo ao deixar Fernando Haddad exposto com a prorrogação da isenção dos
combustíveis. Lula não tem nada a ganhar minando a credibilidade do seu
ministro da Fazenda, que tem feito um enorme esforço para atender às demandas
do próprio partido e, ao mesmo tempo, construir pontes com o mercado financeiro
e o setor produtivo.
Lula defendeu que as estatais sejam indutoras do crescimento, conclamou o consumo popular para fazer “a roda da economia girar” e chamou de estupidez o teto de gastos, sem que tenha indicado o que colocará no lugar. Também relembrou o malfadado PAC, sugeriu mudanças na reforma trabalhista e acusou Bolsonaro de ter dilapidado bancos e empresas estatais, o que não é verdade, ainda que tenha tentado. Ele foi impedido pela Lei das Estatais, justamente a legislação que alguns integrantes do PT defendem mudar, para que essas empresas voltem a ser ocupadas por indicados políticos.
A reação exacerbada dos mercados é sempre
criticada, principalmente pelo apoio que a maior parte dos investidores deu ao
governo Bolsonaro e pela idolatria sem sentido ao ex-ministro Paulo Guedes. Mas
o erro anterior não pode servir de desculpa para desacreditar críticas que
façam sentido agora. Se é verdade que o Brasil tem um enorme passivo social que
precisa ser combatido urgentemente, também é verdade que as contas públicas têm
um rombo insustentável, e nenhuma política de combate à pobreza será duradoura
sem que isso seja enfrentado. Por ora, o novo governo apresentou solução para
apenas um dos problemas.
De Bolsonaro, Lula recebeu uma economia em
desaceleração, com uma taxa de juros exorbitante, inflação elevada e um enorme
passivo de gastos a pagar. O que se esperava era que tivesse a sabedoria para
conduzir as expectativas, como fez em seus dois mandatos, para reduzir as
projeções de inflação e juros e aumentar as de crescimento. Até agora, tem
feito tudo ao contrário e o risco é que o país entre em um cenário de
estagnação, pela Selic elevada.
E que ninguém se engane: o Banco Central só
vai começar a reduzir a taxa quando tiver confiança de que a questão fiscal
está encaminhada. Por isso, o prazo dado por Haddad para apresentar um novo
regime fiscal, até o final de junho, também é insatisfatório. Dentro de sua
equipe há ideias boas que circularam pelo mercado e foram vistas com bons
olhos. Esse assunto já era pauta na campanha, foi falado na transição e mais
seis meses parecem tempo demais.
O enfraquecimento de Haddad na largada
suscita outra uma dúvida pertinente: se não ele, quem está fazendo a cabeça de
Lula na economia? Tudo isso aumenta as incertezas.
Dilema do subsídio
O subsídio ao diesel mantém o país em um
dilema. Se o corte do tributo melhora a competitividade no curto prazo, porque
o diesel move caminhões, ônibus e máquinas, também subsidia veículos de luxo e
desestimula programas econômicos mais racionais. Como mostra o gráfico, o
percentual de automóveis e veículos comerciais leves movidos a diesel vem
crescendo nas vendas totais. De janeiro a novembro, foram 10,8%, segundo a Jato
do Brasil, sendo 2,3% de automóveis, como as SUVs, e 8,5% de comerciais leves,
como as picapes. Milad Kalume, diretor de desenvolvimento de negócios da
consultoria, ressalta que a frota de caminhões do país é antiga, com 12 anos de
uso na média, e isso significa mais consumo, poluição e problemas mecânicos. “O
prejuízo indireto para a produtividade é incalculável”, diz. Pelas contas da XP
Investimentos, o subsídio custará R$ 19 bi. Há formas mais inteligentes de usar
o recurso, como estimular a renovação dos caminhões.
Economia não é tudo
No discurso de Carlos Lupi, consternação e lamento com a afirmação de que não há déficit na Previdência. No discurso de Silvio Almeida, arrepios e aplausos pela defesa enfática dos direitos humanos e das minorias.
4 comentários:
Começou mal... repleto de idéias ruins...nada a ganhar... apenas enfraqueceu... cenário de estagnação...
Aos 04 de Janeiro de 2003 esse 'papo' de jornalista bolsonarista desassuntado parece piriri
Qual o que? Aposto que o Lula vai copiar as malandragens do Bozo, sempre haverá um desculpa para isso. São todos da mesma laia, uns são maus fingidos que outros. Políticos são porca miséria
O Bom sera quando começarmos fazer justiça pelas mãos e acabar com essa raça, aposto com quem quiser apostar.!Eu bem que senti uma ponta de inveja do Lula em relação ao Bozo.!Não tinha que aproveitar nada desse governo que xingaram tanto. GENOCIDA ou GENIAL?
Começou mais rápido do que eu supunha, eis a esperteza do Lula funcionando a todo vapor. Isso demonstra o seu interesse verdadeiro para o terceiro mandato. E tem gente ingênua que acredita em bias intenções. Ra ra ra tá tá bogoiios
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