O Globo
Áudios recuperados pela PF provam que golpe
era assunto corrente no gabinete de Bolsonaro
Depois de quatro meses no xadrez, Anderson
Torres voltou a dormir em casa. Os bolsonaristas festejaram a libertação do
ex-ministro, que era visto como uma bomba-relógio na cadeia. Mas não devem ter
muito tempo para relaxar.
Torres já havia perdido o título de
preocupação número um do grupo. Foi substituído pelo tenente-coronel Mauro Cid,
preso na semana passada sob suspeita de falsificar certificados de vacinação.
O ex-ajudante de ordens contratou um advogado especializado em delações premiadas. Pode não dizer tudo o que sabe, mas já tirou o sono de quem contava com sua lealdade cega ao capitão.
Se Cid não falar, seu celular falará por
ele. O aparelho do militar se tornou uma usina de provas de que o golpismo era
assunto corrente no gabinete presidencial.
Em mensagem enviada ao faz-tudo de
Bolsonaro, o ex-major Ailton Barros expôs um roteiro para prender o ministro
Alexandre de Moraes e dar um golpe de Estado antes da posse do presidente Lula.
Pelo plano, a operação seria deflagrada nos
últimos dias de 2023, com a participação das Forças Armadas. “Nós temos a
caneta e a força. O braço forte e a mão amiga”, disse o bolsonarista, em áudio
revelado pela CNN Brasil.
No mesmo período, o general Braga Netto
insinuava a militantes de extrema direita que algo estava por acontecer. “Não
percam a fé, é só o que eu posso falar agora”, disse, em tom enigmático, numa
conversa filmada na porta do Alvorada.
No Congresso, o avanço das investigações já
produziu uma mudança. A oposição perdeu o entusiasmo com a CPI do Golpe. A
comissão deve ser instalada até o fim do mês. A escalação dos integrantes ainda
não foi concluída, mas o governo conseguiu garantir a maioria das cadeiras.
Em minoria, os bolsonaristas devem ter
dificuldade para distorcer a história dos ataques golpistas. E não conseguirão
evitar a convocação de figurões do antigo regime. A começar pelo ex-ministro
Torres, que guardava em casa uma minuta de golpe.
Por via das dúvidas, dois filhos de Bolsonaro
já garantiram suas vagas como suplentes. Esperavam jogar no ataque, mas terão
que ralar na defesa do pai.
Um comentário:
É muita sujeira!
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